Após passar as últimas semanas ouvindo reclamações do PMDB, seu
principal aliado, a presidente Dilma Rousseff se reuniu com a cúpula do
partido em um jantar no Palácio da Alvorada na noite desta segunda-feira
(2) e combinou com a sigla que irá realizar reuniões semanais com os
partidos da base aliada para tentar resolver o problema de
relacionamento com o Congresso.
Para o vice-presidente da República, Michel Temer, a decisão irá gerar
uma "integração com todos os partidos" porque "vai haver uma consulta
maior, uma audiência maior e, portanto, uma participação maior". O
peemedebista afirmou que esse tipo de reunião acontecia normalmente no
primeiro ano do governo Dilma, em 2011.
"A decisão foi agora fazer uma reunião semanalmente com representação de
vários partidos da coalizão e discutir todos os temas, não só aqueles
que sejam remetidos ao Congresso Nacional mas aqueles que façam parte de
ações do próprio Executivo", afirmou Temer ao fim da reunião, que durou
cerca de três horas.
Pedro Ladeira/Folhapress | ||
A presidente Dilma Rousseff recebe a cúpula do PMDB para jantar |
Ao ser questionado sobre a edição de uma medida provisória na última
sexta-feira (27) que revisa as regras de desoneração da folha de
pagamento sem que Dilma tivesse consultado o PMDB previamente, Temer
reconheceu que a falta de diálogo por parte do governo foi um "suposto
equívoco". "Nada como um suposto equívoco para gerar acertos. Esses
acertos nascem a partir de hoje", disse.
Presidente nacional do PMDB, Temer minimizou a ausência do presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), que avisou no fim da tarde desta segunda que não iria participar do encontro.
Em nota oficial, Renan argumentou que, como presidente do Congresso
Nacional, ele deve colocar a instituição acima da condição partidária.
Apesar de seu posicionamento, o peemedebista classificou o encontro como
"aprimoramento da democracia".
"Ele explicou que, por razões do Senado, achou melhor não participar
dessa reunião mas ele está inteiramente integrado nesse espírito da
coalizão", disse Temer.
Apesar do ar conciliador, Temer criticou sutilmente a condução da
aliança feita por Dilma ao afirmar que Renan fez "observações muito
adequadas com relação à coalizão". Na semana passada, Renan afirmou que a
coalizão do governo está "capenga" e cobrou mais participação do PMDB
nas decisões do governo. Os peemedebistas reclamam ainda que a legenda
só está sendo chamada de última hora para apagar incêndios no Congresso.
Questionado se também considera a coalizão "capenga", Temer afirmou que o
governo conseguiu estabelecer nesta segunda uma "coalizão ambulante,
com muita força e com pernas para camimnhar".
Com relação ao ajuste fiscal promovido pelo governo no início do ano,
Temer afirmou que os "temas são difíceis" mas todos estão "dispostos a
ajudar". "O que é preciso é que toda a base, com todos os partidos,
estejam inteirados do programa, estejam inteirados da ideia de que se
está fazendo isso para buscar uma economia mais saudável no país",
afirmou.
O jantar foi marcado após os peemedebistas terem se reunido com o
ex-presidente Lula na última quinta-feira (26) na residência oficial do
Senado, tendo Renan como anfitrião.
Naquela ocasião, os peemedebistas fizeram reclamações a Lula acerca da
forma com que o governo Dilma trata politicamente o PMDB. Desde a
reeleição da presidente, a sigla tem se queixado da falta de
interlocução com a presidente e do pouco acesso às decisões centrais do
governo.
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