SÃO PAULO - Qual é o objetivo dos presidentes da Câmara, Eduardo
Cunha (RJ), e do Senado, Renan Calheiros (AL), ambos do PMDB, ao se
lançarem num campeonato frenético para ver quem empareda mais a
presidente Dilma Rousseff?
Qual a alternativa dos chefes do Legislativo ao ajuste fiscal que
colocam em risco com bravatas diárias e projetos que apenas aumentam
despesas, sem indicar receitas?
Para a primeira questão, a resposta se dá no campo da política. A da segunda é simples: nenhuma.
Ao encher a boca para falar de independência do Poder de cujo comando
são sócios, Cunha e Renan tentam dar aura institucional para o que não
passa de demonstração de que têm o governo como refém.
Se não, por que o presidente da Câmara votaria a toque de caixa uma lei
que obriga o governo a arcar com papagaio de R$ 3 bilhões anuais de
Estados e municípios que querem rasgar contratos que assinaram e espetar
a conta na viúva, como bem apontou o mestre Elio Gaspari?
E por que seu parceiro do Senado daria um ultimato ao ministro da
Fazenda e à presidente para que resolvam a situação até terça, ou ele
tratará de dar o tiro de misericórdia?
São alguns os porquês. Porque Alagoas, governado pelo filho de Renan, e a
Prefeitura do Rio, chefiada por um aliado de Cunha, são dois dos
maiores interessados no cavalo de pau da renegociação da dívida.
Porque o PMDB quis retaliar a demora de Dilma em sancionar a lei que
impediria a criação do PL, novo partido-ônibus de Gilberto Kassab.
É nesse câmbio nada republicano que se negocia o ajuste fiscal no
Congresso. Se as agências de rating perceberem a tibieza do governo
diante do jogo, o país perderá o grau de investimento, a despeito do
voto de confiança dado pela Standard & Poor's.
Não que Renan e Cunha se importem. E não que Dilma tenha condições de
impedir –já que refém está e não há ninguém para resgatá-la.
FOLHA
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