Foram quatro anos de elaboração, inúmeros grupos de trabalho, 27
oficinas estaduais envolvendo todo tipo de organização e cidadão, 3.125
contribuições à versão preliminar colocada em consulta pública que
resultaram em 150 páginas do "Guia Alimentar para a População
Brasileira", editado pelo Ministério da Saúde no final de 2014.
Tudo isso para chegar a conclusões de simplicidade vital, de quase
obviedades que, porém, são constantemente ofuscadas pela voracidade da
indústria alimentar, das cadeias dos fast foods, da lógica do
latifúndio.
O universo da alimentação tem sido recoberto por falácias do tipo: para
alimentar bilhões são necessários o consumo e a produção de comida
industrial ultraprocessada, artificial e envenenada, mas farta, além de
gigantescas monoculturas e sementes modificadas geneticamente.
O "Guia Alimentar", porém, não compra o engodo. Baseando-se em estudos
que vão de organismos das Nações Unidas a teses de Harvard (e também no
clássico Brillat-Savarin ou no contemporâneo Michael Pollan), seu texto
simples, mas embasado, aposta na vertente oposta: a valorização de
alimentos frescos ou minimamente processados. E na vitalidade das
tradições culturais locais.
A opção pelo natural baseia-se no fato de que os alimentos
ultraprocessados (como refrigerantes, salgadinhos etc.) são danosos não
só à saúde, mas também à cultura, à vida social e ao ambiente.
O livro também refuta a ideia de que nutrientes abastecem o corpo de
qualquer forma que sejam ingeridos. Na verdade, eles são eficazes quando
vêm incorporados no alimento original. Portanto, produtos industriais
aos quais se acrescenta isso ou aquilo, da mesma forma que pílulas de
suplementos que enriquecem a indústria farmacêutica, são inócuos.
A alimentação saudável, diz o "Guia" em sua imensa simplicidade e bom
senso, deve basear-se em alimentos in natura ou minimamente processados,
ser comedida no uso de gorduras, sal e açúcar e evitar
ultraprocessados.
Deve ser feita exercitando habilidades culinárias, consumida com
regularidade e atenção, com tempo adequado e em ambientes apropriados.
Se possível, com companhia e, fora de casa, em locais com pratos feitos
na hora.
É uma opção lúcida e corajosa, já que bate de frente com a grande indústria e todo o seu arsenal publicitário.
Num país onde, em que pese a choradeira dos empresários, grandes
empresas vivem sendo privilegiadas pelo governo com isenções fiscais e
"desonerações", não deixa de ser auspicioso que um ministério se
pronuncie pelo bem comum, numa questão tão vital como a alimentação.
Como o próprio "Guia" menciona, porém, "a superação dos obstáculos (...)
em muitos casos requer políticas públicas". Sem elas, por mais que os
leitores tentem aplicar seus postulados, o impacto do "Guia" será quase
nulo.
Mas exemplos como o da Prefeitura de São Paulo, que orienta merendas
escolares a se abastecerem com pequenos produtores e serem
confeccionadas localmente e com produtos frescos, mostra que essa visão
pode trazer frutos.
GUIA ALIMENTAR PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA
AVALIAÇÃO ótimo
AUTOR Ministério da Saúde
QUANTO grátis (150 págs.)
ONDE portalsaude.saude.gov.br
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