Cid Gomes saiu do Ministério da Educação “atirando” contra o Congresso
Nas redes sociais, seu nome foi associado a adjetivos como “herói” e “corajoso”
O episódio da saída espalhafatosa do Ministério da Educação
teve muito de cálculo político para a família Gomes. O irmão mais novo,
Cid Gomes, deve ser o escolhido para representar o clã numa eventual
disputa presidencial em 2018.
A família já teve Ciro Gomes, 57
anos, duas vezes candidato ao Palácio do Planalto (1998 e 2002). Agora,
Cid, de 51 anos entrou na fila.
A ideia é simples e tem passado na
cabeça de inúmeros políticos: a) O PT está desgastado com o governo de
Dilma Rousseff se segurando pelas tabelas até 2018; b) o PSDB está em
constante crise de personalidade e não consegue de fato incorporar o
desejo de mudança que existe na sociedade; c) finalmente teria chegado a
hora de haver uma terceira via.
Marina Silva (ex-PT, ex-PV, momentaneamente no PSB e a caminho do Rede Sustentabilidade) já tenta ocupar esse espaço.
Para
os Gomes, a ex-senadora pelo Acre e candidata duas vezes a presidente
(2010 e 2014) não preenche no imaginário do eleitor todos os requisitos
para ocupar o Palácio do Planalto –entre outras razões por nunca ter
sido eleita para exercer função executiva.
Cid Gomes (ex-PMDB,
ex-PSDB, ex-PPS, ex-PSB e hoje no minúsculo Pros) pretende preencher a
demanda falando o que acredita que os eleitores querem ouvir: críticas
fortes ao sistema político, como as que fez recentemente ao Congresso,
dizendo que ali há de 300 a 400 achacadores.
Cid estava ministro
da Educação e perdeu o cargo na última quarta-feira (18.mar.2015). Ele
foi até o plenário da Câmara e reiterou suas críticas aos deputados.
Apontou o dedo para o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
No
micromundo da política, em Brasília, Cid foi visto como intempestivo e
irresponsável. Para os eleitores que frequentam a internet, a avaliação
foi diversa.
Do dia 18 até 13h de ontem, sexta-feira
(20.mar.2015), o ex-governador do Ceará Cid Gomes “conseguiu 78.518
menções no Twitter, 2.138 em sites de notícias, 1.699 em blogs e 83 em
fóruns abertos”, segundo levantamento da consultoria Bites.
“Apenas
no Twitter foram 616 milhões de impressões (número de vezes que o
assunto foi exibido nas contas do usuário do serviço no Brasil)”, diz a
Bites. Cid Gomes teve uma exposição muito maior até do que a Operação
Lava Jato, que no mesmo período de tempo produziu 188 milhões de
impressões no Twitter.
Segundo esse estudo da Bites, “na nuvem de
palavras formada em torno das referências a Gomes, citações como
corajoso, herói e ‘macho’, expressão nordestina utilizada para definir
aqueles que não têm medo de falar a verdade e enfrentar situações
adversas, apareceram de maneira recorrente”.
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