O senador Antonio Anastasia (PSDB-MG) pediu ao STF (Supremo Tribunal
Federal) que arquive sem aprofundar investigações o inquérito que o
ministro Teori Zavascki determinou que fosse aberto no último dia 6 de
março a pedido da PGR (Procuradoria Geral da República).
Segundo a PGR, havia indícios suficientes para a abertura do inquérito
que deverá concluir se Anastasia foi ou não beneficiado pelo esquema de
desvio de recursos montado na Petrobras.
Um entregador de dinheiro controlado pelo doleiro Alberto Youssef, o
agente de Polícia Federal Jayme de Oliveira Filho, o "Careca", disse no
ano passado à força tarefa da Operação Lava Jato, em Curitiba (PR), que
no ano de 2010 entregou uma mala com dinheiro a mando de Youssef em Belo
Horizonte (MG). Ao ver uma fotografia do senador tucano, que lhe foi
apresentada pela PF, o agente disse que a pessoa da foto era "muito
parecida" com "a que recebeu a mala enviada por Youssef".
Oliveira Júnior disse ainda que, após a entrega do dinheiro, observando
os resultados eleitorais, concluiu que "o candidato que ganhou a eleição
em Minas Gerais era a pessoa para quem" ele levou o dinheiro.
Pedro Ladeira - 10.mar.2015/Folhapress | ||
O senador Antonio Anastasia (PSDB-MG) discursa na tribuna do plenário do Senado |
Por outro lado, Youssef, em depoimento, afirmou que "nunca disse para
entregar valores para Anastasia especificamente". Também negou conhecer
Antonio Anastasia.
Caso o ministro Zavascki recuse acolher o pedido de arquivamento,
Anastasia solicitou que seu recurso seja julgado pela segunda turma do
tribunal, formada por cinco ministros. O pedido foi protocolado pelos
advogados Maurício de Oliveira Campos Júnior, que foi secretário no
governo de Minas Gerais, e Eugênio Pacelli de Oliveira.
Sobre as suspeitas levantadas por "Careca", Anastasia chamou de
"inespecífica afirmação feita por pessoa destituída de mínima
credibilidade". Afirmou ainda que a simples abertura do inquérito sobre
Anastasia "é constrangimento enorme, que não será remediado pela
constatação, sempre tardia, de que os fatos que a ensejaram jamais
poderiam tê-la justificado".
Os defensores do senador afirmaram ainda que a suspeita é "baseada em solitário e vazio depoimento".
Na petição que enviou ao STF no último dia 3 de março, o
procurador-geral da República Rodrigo Janot afirmou que "os elementos
indicam que ao menos deve-se aprofundar as investigações, para se
confirmar ou não a entrega das quantias, assim como confirmar ou
descartar o envolvimento dos parlamentares envolvidos".
Segundo a PGR, as investigações confirmaram "ao menos duas entregas [de
dinheiro] em Minas Gerais", no dia 9 de maio, no valor de R$ 600 mil, e
13 de junho, no valor de R$ 270,4 mil.
Janot defendeu ser "necessária a instauração de inquérito para aprofundar a investigação dos fatos".
"Embora Alberto Youssef tenha negado que tivesse determinado a entrega
especificamente para o atual senador Anastasia, confirmou que diversas
empresas pediram a entrega de valores em Minas Gerais, decorrentes de
'caixa dois', e que eram indicados apenas o endereço e valor. Confirmou,
ainda, que Jayme fez entregas, por sua ordem, a pessoa em Minas
Gerais", informou a PGR ao STF.
Para a defesa do senador, "pouco importa se 'Careca' esteve em Belo
Horizonte para entrega de valor a alguém em 2010, não foi a Anastasia,
então governador de Minas em exercício e candidato à reeleição, cuja
notoriedade não admitiria dúvida até mesmo a quem não participasse do
esquema de financiamento de campanha eleitoral, que dirá a um agente
federal em desvio de conduta".
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