- Ricardo Moraes/ReutersFachada da sede da Petrobras, no Rio de Janeiro
As investigações sobre a existência de um suposto esquema de corrupção
na Petrobras avançam sobre o segundo escalão da empresa. Ex-parceiro do
delator da Operação Lava Jato Paulo Roberto Costa na área de
Abastecimento da companhia, Djalma Rodrigues foi afastado na última
sexta-feira, 20, da gerência geral de Participações Petroquímicas da
empresa.
Em 2005, o executivo chegou a ser indicado pelo PP para
assumir a diretoria "que fura poço", segundo palavras do então
presidente da Câmara dos Deputados, Severino Cavalcanti, que almejava
para a cota do partido o comando da diretoria de Exploração e Produção
(E&P). O setor concentra o maior orçamento da estatal.
A
saída de Rodrigues é a segunda baixa no corpo gerencial desde que
Aldemir Bendine assumiu a presidência da Petrobrás, há 45 dias, no dia 9
de fevereiro. O primeiro corte aconteceu na última quinta-feira, 19,
quando Wilson Santarosa, ligado ao PT, foi destituído do cargo de
gerente executivo da Comunicação Institucional da empresa.
No
dia seguinte, foi a vez da estatal afastar o afilhado político do mesmo
partido que o do delator da Lava Jato, o PP. Rodrigues e Costa
trabalharam juntos até 2000 na extinta Gaspetro, que cuidava dos
negócios de gás da estatal, e na TBG, empresa responsável pelo
transporte de gás natural boliviano até o Brasil. Na época, Costa era
subordinado a Rodrigues. A situação se inverteu em 2003, quando Costa
assumiu a diretoria de Abastecimento da petroleira e Rodrigues passou a
ser chefiado por ele.
Já em 2005, a indicação de Rodrigues ao
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a diretoria de E&P foi
motivo de escândalo na imprensa. Cavalcanti veio a público dizer que
almejava a diretoria da estatal "que fura poço e acha petróleo", que
responde por cerca de 70% do investimento total da petroleira.
As intenções do então presidente da Câmara foram frustradas pela
presidente Dilma Rousseff, que, naquele ano, era ministra de Minas e
Energia e optou por manter no cargo Guilherme Estrella, ligado ao PT. Em
compensação, foi dada a Rodrigues a diretoria de Novos Negócios da
Petroquisa, comandada por Graça Foster, que, sete anos depois, ocuparia a
presidência da Petrobrás por indicação da presidente Dilma.
Na
época, Rodrigues negou qualquer relação política com Cavalcanti,
afastado do Congresso após ser acusado de participação em um esquema de
corrupção, o mensalinho, na Câmara. Na época, o ex-gerente da Petrobrás,
afirmou que o ex-parlamentar o procurou apenas por terem nascido no
mesmo estado.
Procurada, a Petrobras informou apenas que
"funções gerenciais não são permanentes, sendo, portanto, de livre
nomeação a qualquer momento".
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6.mar.2015
- Vista do prédio do Congresso Nacional, em Brasília, horas antes da
divulgação dos nomes dos políticos que serão investigados por possível
envolvimento em corrupção. O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal)
Teori Zavascki autorizou a abertura de inquérito contra 47 políticos
para apurar a participação deles no esquema investigado pela operação
Lava Jato, que apura irregularidades na Petrobras. Ao todo, são 22
deputados federais, 12 senadores, 12 ex-deputados e uma ex-governadora
de seis partidos (PMDB, PT, PP, SD, PSDB e PTB). Há mais pessoas que
serão investigadas, mas não têm ou tiveram cargos eletivos. São elas o
tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, e o lobista Fernando Baiano. Quatro
políticos tiveram pedido de abertura de inquérito arquivado. A
investigação do ex-ministro Antônio Palocci foi remetido à Justiça
Federal do Paraná André Dusek/Estadão Conteúdo
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