Em debate promovido pelo UOL e a "Folha de S.Paulo" na
tarde desta segunda-feira (30) com líderes de dois movimentos populares
antigoverno --o advogado Cláudio Camargo, do grupo QueroMeDefender, o
estudante Fernando Holiday, do MBL (Movimento Brasil Livre)-- defenderam
a união de diversas classes sociais e raciais em prol de uma grande
onda de oposição à presidente Dilma Rousseff.
Os representantes dos movimentos, que ajudaram a levar cerca de 2 milhões de pessoas para as ruas no último dia 15 de março,
explicaram suas respectivas reivindicações políticas e econômicas para o
país. Em comum, afirmaram que o sentimento de descrença com o PT não
existe apenas da elite econômica ou entre os brancos. "Não vemos brancos
ou negros, pobres e ricos, mas pessoas que estão sofrendo com tanta
incompetência", diz Holiday.
O jornalista do UOL Josias de Souza e a repórter
especial da "Folha" Patrícia Campos Mello mediaram o debate, que marcou
outro ponto em comum entre os dois movimentos: a atual falta de
representatividade nos políticos eleitos nas últimas eleições. "Não me
sinto representado por nenhum deles a nível federal", disse Camargo.
Holiday concordou, aproveitando para atacar a atual bancada da
oposição: "Queremos que eles façam seu trabalho, pois estão ganhando
boladas [sic] pra ver o povo sofrer. Eles mantêm uma postura frouxa".
No entanto, o líder do MBL tentou defender a importância dos líderes do
PMDB no Legislativo, Renan Calheiros e Eduardo Cunha, fazerem algum
tipo de contraponto a Dilma mesmo que estejam sendo acusados de crimes
na Operação Lava Jato. "A corrupção do PT é pior", justificou.
Perguntados se um político como o ex-candidato a presidente do PSDB,
Aécio Neves, seria hostilizado nos atos de 15 de março, Cláudio Camargo
disse crer que não aconteceria, mas ele "não o representa". Já Fernando
Holiday disse que outros políticos foram aos protestos, "mas pra
participar dentro de um movimento, não como líderes. Não me sinto
representado pela oposição hoje".
Enquanto Camargo se diz um opositor moderado e não crê por enquanto no
impeachment de Dilma por não haver ainda provas de improbidade
administrativa contra ela, o MBL de Holiday defende a saída do PT do
comando do país como sua principal bandeira, pois para ele, a presidente
supostamente tem crime de responsabilidade na crise da Petrobras quando
ocupou cargo no conselho da estatal.
Holiday disse ainda que o protesto contra o governo, marcado para o
próximo dia 12, irá pedir a saída da presidente e que a oposição precisa
escutar as vozes das ruas. "O povo não aguenta mais incompetência",
diz.
UOL
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