Em vídeo gravado pela PGR (Procuradoria Geral da República) em fevereiro
com autorização do STF (Supremo Tribunal Federal), o ex-diretor de
Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa afirmou que o o sistema
de doações eleitorais registradas na Justiça Eleitoral no Brasil é uma
falsidade.
"Esse negócio de doação oficial... A maior balela que tem nesse Brasil é
a doação oficial, né. Agora há pouco saiu na imprensa várias vezes que o
dono da UTC fez uma doação oficial de não sei quantos milhões para o
PT. Pô, com dinheiro daqui [da Petrobras]. Não tem doação oficial, isso é
balela", disse Costa.
Segundo o ex-diretor, as doações na realidade são "empréstimos". "Eu já
falei isso lá para os procuradores [do Paraná] e vou falar aqui para
vocês. Esse negócio de contribuição oficial não existe, tá? Isso não
existe. Nenhuma empresa vai doar [R$] 2 milhões, 3, 4, 5 milhões porque
gosta de Fulano de Tal. Na realidade todas as doações, seja oficial ou
não oficial, não são doações, são empréstimos. A empresa está
emprestando pro cara e depois vai cobrar dele", disse Costa.
O STF liberou na tarde desta terça-feira (17) o acesso aos depoimentos
gravados por Costa e pelo doleiro Alberto Youssef na condição de
principais delatores da Operação Lava Jato. Os depoimentos estão
anexados aos inquéritos que tratam dos políticos com foro privilegiado
no Supremo. São os primeiros vídeos que registraram os depoimentos
feitos dentro dos acordos de delação premiada fechados pelos dois
investigados com a força tarefa da Lava Jato.
Em outro trecho do vídeo, gravado na Procuradoria da República no Rio de
Janeiro em fevereiro passado, Paulo Roberto Costa contou que o senador
Lindbergh Farias (PT-RJ) "agradeceu" pelo liberação de R$ 2 milhões do
esquema da Petrobras para sua campanha eleitoral. O repasse, segundo
Costa, foi "operacionalizado" por Youssef. O ex-diretor reafirmou que o
pagamento foi feito –Lindbergh nega ter recebido qualquer recurso.
"Que o dinheiro foi pago, foi. Porque depois houve, entre aspas, um
agradecimento. [...] Ainda em 2010. Por parte do próprio [Lindbergh]. 'Ô
Paulo, aquilo lá foi resolvido'.
Agradecer já é assim, olha, está
resolvido', não reclama", contou Costa.
O ex-diretor da Petrobras afirmou ainda que uma série de aquisições de
turbinas para usinas termelétricas geraram gastos desnecessários ainda
no governo FHC, o que "nunca foi apurado" pela Petrobras. Segundo Costa,
as turbinas foram vendidas pela empresa Alstom, acusada de pagar
propinas a servidores e políticos do PSDB de São Paulo, mas acabaram em
um almoxarifado e só foram usadas anos depois.
"Foram feitas compras de dezenas de turbinas para esse sistema
emergencial termoelétrico. Só que algumas dessas turbinas vieram a ser
usadas –isso foi em 2001, 2002– algumas dessas turbinas vieram a ser
usadas agora em 2010. Então ficaram oito, nove dez anos, estocadas.
Foram compradas de emergência , pagou-se um valor gigante e foram para o
almoxarifado. E isso nunca foi apurado. [...] Na época do governo
Fernando Henrique. Alstom, que já é figurinha carimbada em muitos
processos [...]", afirmou o ex-diretor da estatal do petróleo. Segundo
ele, "comentava-se" na Petrobras sobre pagamentos de vantagens indevidas
pela Alstom, mas não soube dizer se isso era verdade.
COLLOR
Em outro vídeo gravado pela PGR, Youssef confirmou ter providenciado
recursos para o ex-presidente e senador Fernando Collor (PTB-AL) "a
pedido de" Pedro Paulo Leoni Ramos, que foi ministro de Collor
(1990-1992). Segundo Youssef, os pagamentos ocorreram "por volta de
2010/2011", não soube precisar as datas "porque já faz algum tempo".
O doleiro disse que não teve contato pessoal com Collor, mas sim com um
seu suposto funcionário. "Diretamente com o senhor Fernando Collor, não.
Com o funcionário dele, sim. É esse que estou tentando lembrar o nome e
não tô conseguindo lembrar. Ele esteve várias vezes no meu escritório e
me ligava quando tinha recursos para retirar. E quando estava pronto,
eu ligava para ele e avisava que estava pronto, mas não estou
conseguindo me lembrar o nome dele. Tanta gente aí...", disse o doleiro.
Youssef afirmou que "quem abriu as portas no Ministério da Saúde" para
negócios de seu interesse foi o ex-deputado federal André Vargas, que no
ano passado deixou o PT e a Câmara, mas disse que não remunerou o
ex-parlamentar.
Atentem para a riqueza de detalhes e para a firmeza de Paulo Roberto Costa sem a menor timidez ao depor na Polícia Federal, em Curitiba.
Além de vergonhoso, é de grande perplexidade toda essa roubalheira sem precedentes perpetrada pelo petralhas.
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