Ministros do governo Dilma Rousseff temem que o ato marcado para o dia
13 de março pela CUT (Central Única dos Trabalhadores) em defesa da
Petrobras "infle" o movimento pró-impeachment agendado para 15 de março
em diversas cidades do país.
Para governistas, o ato da CUT poderá acirrar os ânimos e ser visto como
provocação pelos organizadores da manifestação contra a presidente
Dilma de dois dias depois.
Para evitar o "confronto", a ideia de assessores presidenciais é enviar
emissários nos próximos dias para convencer dirigentes da CUT a adiar o
evento.
Grupos de oposição ao governo organizados nas redes sociais, que
promoveram protestos contra a presidente no fim do ano passado, logo
após a reeleição da petista, convocaram novas manifestações contra Dilma
para o dia 15 de março, um domingo, em pelo menos 50 cidades, incluindo
São Paulo e outras capitais.
Um ministro ouvido pela reportagem diz que o governo quer evitar a
"competição" entre os dois eventos, o que levará a uma comparação de
público e mobilização.
A preocupação de auxiliares do Palácio do Planalto, segundo o ministro, é
que o evento da CUT não seja bem sucedido já que a central não é
atualmente um polo aglutinador para Dilma.
PACOTE
Apesar dos esforços do governo para aprovar no Congresso um pacote de
medidas para reduzir gastos neste ano, a CUT, em sua página na internet,
conclama trabalhadores, movimentos sociais e militantes para ir às ruas
"contra a retirada de direitos, em defesa dos direitos da classe
trabalhadora, da Petrobras e da reforma política".
O pacote do governo inclui ações que dificultam o acesso a benefícios
trabalhistas como o seguro desemprego e tem provocado reações negativas
no Congresso, onde será apreciado.
Em reunião da executiva nacional do PT, no último dia 26, petistas
compararam o movimento pró-impeachment à crise na Venezuela. A resolução
elaborada no encontro insistiu na tese de que a crise no Brasil é
objeto de uma ofensiva golpista para desestabilizar "governos
progressistas", a exemplo do que estaria acontecendo na Venezuela e na
Argentina.
'DESAFORADA'
Na semana passada, o ex-presidente Lula participou de um encontro no Rio
também em defesa da Petrobras. O ato reuniu políticos, artistas,
escritores e jornalistas na sede da Associação Brasileira de Imprensa.
Na ocasião, o ex-presidente disse que a oposição está ''desaforada'' e
conclamou a militância a ir para as ruas defender a estatal e o governo
Dilma. Ele também afirmou que Dilma precisa "levantar a cabeça".
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