Protestos de março de 2015
Integrantes dos dois maiores partidos de oposição ao governo Dilma
Rousseff (PT) vão aderir em bloco às manifestações organizadas contra a
petista nas principais capitais do país neste domingo (15). Em São
Paulo, por exemplo, a bancada de vereadores do PSDB, deputados
estaduais, federais e ao menos três secretários do governador Geraldo
Alckmin confirmaram suas presenças no protesto.
A oposição aposta nos movimentos de rua como uma flecha de duas pontas
voltada para o coração do PT: eles podem ampliar o desgaste da imagem da
presidente e funcionar como motor para o avanço das investigações no
Congresso sobre o escândalo de corrupção na Petrobras.
Para que a fragilidade do governo aumente, eles torcem para que o
protesto deste domingo seja grande a ponto de estimular outros depois.
Interlocutores do senador Aécio Neves, presidente nacional do PSDB e
adversário de Dilma nas últimas eleições presidenciais, dizem que os
atos deste domingo devem ser vistos como a primeira etapa de uma longa
maratona.
O PSDB e o DEM apoiam formalmente as manifestações, mas têm feitos
declarações cautelosas sobre a legitimidade dos pedidos de impeachment
da presidente.
Nos bastidores, há uma comparação entre o cenário deste ano e o de 2005,
quando o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi dragado
pelo escândalo do mensalão. Naquela ocasião, dizem os tucanos, não
havia clima de indignação social que pudesse que sustentar um pedido de
afastamento.
Hoje, afirmam, o quadro é menos desfavorável a Dilma, que vem sendo
hostilizada publicamente. Ainda assim, PSDB e DEM querem "esperar para
ver" o que se dará após o dia 15 e, por isso, pregam a adesão massiva de
seus filiados. "As pessoas, nossos filiados que quiserem ir, devem
sentir-se estimuladas e apoiadas", disse o presidente do DEM, senador
Agripino Maia (RN). Aécio divulgou um vídeo em que afirmou que o domingo
será um dia "histórico".
Atendendo à convocação, diversos tucanos marcaram pontos de encontro
para participar dos protestos em São Paulo, onde os organizadores
esperam que ocorra o ato principal deste domingo. Vereadores do PSDB de
São Paulo, por exemplo, sairão às 13h30 de um colégio nas imediações da
avenida Paulista.
Os secretários de Estado Edson Aparecido (Casa Civil), Floriano Pesaro
(Desenvolvimento Social) e Duarte Nogueira (Transportes) confirmaram a
aliados sua presença no ato. Aparecido afirmou que irá à rua mais
"observar para entender a dimensão".
Na contramão de seus aliados, governadores da oposição têm guardado
distância das manifestações. Geraldo Alckmin (SP) e Beto Richa (PR), por
exemplo, mencionam em suas conversas o risco de um efeito bumerangue:
temem que, se hoje as ruas estão contra Dilma, amanhã possam se virar
podem star contra eles.
Ambos enfrentam crises em seus Estados. Há o fantasma da falta de água
em São Paulo e o desequilíbrio nas finanças do Paraná. Por isso, os
governos pediram atenção às equipes de inteligência que encarregaram de
monitorar riscos e a adesão a protestos.
A Polícia Militar de São Paulo relatou um aumento substancial das
menções ao ato deste domingo nas redes sociais após o pronunciamento de
Dilma no último dia 8 e o panelaço que reagiu a ele no mesmo dia em
várias capitais.
A expectativa da inteligência da PM para no público no ato da Paulista
saltou de 10 mil para um mínimo de 40 mil pessoas. A área também avisou
ao governo que há risco de caminhoneiros fecharem estradas que levam à
capital, numa ação coordenada.
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