Quem acompanha a corte palaciana sabe da dificuldade de Dilma Rousseff em assumir erros.
Ainda mais para alguém que deixou um Arno Augustin dar tantas pedaladas
fiscais, que resistiu (e ainda resiste) em ouvir conselhos até de Lula,
que insistiu em manter no cargo um ministro da Fazenda fraco e
desacreditado, que tanto se fechou ao convívio com empresários e
políticos, que foi gastando e criando despesas quando as finanças do
mundo e do país já andavam de lado, que perdia horas discutindo artigos e
alíneas de projetos de lei antes de enviá-los ao Congresso, que foi
ministra, secretária-executiva e economista-chefe do seu próprio
governo.
Não é, portanto, irrelevante o cavalo de pau dado (por necessidade, vale dizer) na política econômica.
Dilma não estava blefando quando sinalizou que seu ministro da Fazenda,
Joaquim Levy, tinha carta branca para ser ele, e não ela, o chefe da
equipe econômica.
Tanto é assim que o reforço do ajuste fiscal, anunciado na última sexta-feira (27), surpreendeu pela dureza.
Dilma comprou o "detox" de Levy nas contas públicas apesar da sua crença
nos gastos sociais como valor máximo, no Estado como indutor da
economia e no nacionalismo trabalhista de Leonel Brizola.
Apunhalou as desonerações da folha de pagamento; foi convencida por Levy
a contingenciar o PAC, marca que a lançou como candidata à sucessão de
Lula sob a alcunha de "mãe" do programa; estrangulou o Fies para
adequá-lo à contenção de despesas (e fará o mesmo com o Pronatec);
suspendeu o crédito para comprar de geladeira e fogão a beneficiários do
Minha Casa Minha Vida e parou, por ora, as concessões públicas.
Em nome da retomada da credibilidade, foi levada a rever as bandeiras de
seu primeiro mandato. Ou, em outras palavras, Dilma passou uma borracha
nela própria. Não dá para dizer que isso não é um ato de coragem.
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