O doleiro Alberto Youssef, preso na Operação Lava Jato,
disse em depoimento ao Ministério Público Federal que recebeu a
informação de que empresa ligada ao BTG Pactual participou de negócio da
BR Distribuidora, subsidiária da Petrobras, que envolveu pagamento de
suborno.
Segundo o doleiro, que fez acordo de delação premiada, a participação de
empresa ligada ao banco de investimentos, do empresário André Esteves,
foi confirmada pelo consultor do setor de energia Pedro Paulo Leoni
Ramos, que teria intermediado a operação com a BR Distribuidora.
Em depoimento divulgado neste final de semana pela revista "Época", o
doleiro explica que propina de R$ 6 milhões foi resultante de
investimento de R$ 300 milhões feito em 2012 pela BR Distribuidora na
rede de postos de gasolina Derivados do Brasil, a DVBR, criada em
parceria entre Esteves e o empresário Carlos Santiago, o Carlinhos.
Youssef, que diz ter sido encarregado de distribuir o dinheiro por
Ramos, detalha que metade dele teria sido entregue para o senador e
ex-presidente da República Fernando Collor de Mello (PTB-AL), como revelou a Folha na última terça-feira (24).
O restante da propina, de acordo com o doleiro, teria sido distribuído para funcionários da BR e para Ramos.
O doleiro afirma que, ao distribuir a propina, manteve contatos com
Carlinhos e com PP, mas que não se encontrou com nenhum funcionário da
empresa ligada ao BTG. Em seu depoimento, ele não menciona o nome de
Esteves.
PP, como é conhecido o consultor do setor de energia, é amigo de Collor
desde a juventude. Foi ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos
no governo do senador (1990-1992) e é dono de uma empresa de consultoria
que também fazia negócios com Youssef, a GPI Participações e
Investimentos.
PP é alvo ainda de investigações da força-tarefa da Operação Lava Jato
em razão do repasse de R$4,3 milhões que uma de suas empresas fez à
companhia MO Consultoria, de Youssef.O depoimento do doleiro à
força-tarefa da Lava Jato em Curitiba foi feito entre outubro e novembro
de 2014.
Collor negou que tenha recebido propina e disse que as afirmações do
doleiro sobre o caso padecem de "falta de veracidade e credibilidade".
Procurada, a assessoria de imprensa do BTG Pactual informou que o
investimento na DVBR não foi feito pela instituição financeira, mas pela
BTG Alpha Participações, uma companhia de investimentos dos sócios do
BTG.
A empresa nega envolvimento no esquema e ressalta que o depoimento de
Youssef não menciona Esteves. "Esteves jamais teve contato com Youssef e
Pedro Ramos", diz.
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