A oposição madrugou nesta segunda-feira (2) na Câmara dos Deputados para
garantir preferência na análise de pedidos de convocação e quebras de
sigilos na CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Petrobras.
O prazo para a entrega dos requerimentos começou às 8h, mas o líder do
PSDB, Carlos Sampaio (SP), chegou às 6h28. O deputado Antonio Imbassahy
(PSDB-BA), um dos representantes do partido na comissão, chegou um pouco
depois.
Os requerimentos são analisados no plenário da CPI pela ordem de
entrega. Os pedidos pedem a prioridade apenas se for fechado um acordo
para a inversão de pauta. Para assegurar o primeiro lugar na fila, uma
assessora foi escalada para chegar à porta da sala da CPI antes das 5h.
O primeiro lote de documentos dos tucanos tem 57 pedidos. O primeiro é a
criação de subrelatorias: a de sistematização, com o objetivo de
organizar todo o acervo probatório da comissão; a operacional, para
conduzir a investigação propriamente dita; e o núcleo político, para
investigar a atuação de agentes políticos na organização criminosa que
se instalou na Petrobras.
Se conseguir uma subrelatoria, a oposição consegue ditar o ritmo de
parte da investigação, que é comandada pelo petista Luiz Sérgio (RJ),
relator da CPI.
O PSDB solicita compartilhamento de informações da Operação Lava Jato,
que investiga o esquema de corrupção na empresa, com o STF (Supremo
Tribunal Federal), o Ministério da Justiça e o Ministério Público
Federal.
Sampaio afirmou que a estratégia é importante e terá influência no
começo da atuação da CPI. "Foi uma ação importante porque nossos
requerimentos serão analisados antes mesmo dos que forem apresentados
pelo relator. Esses pedidos são os que nós consideramos de mais
significativo para dar um norte para a CPI", disse o líder tucano.
BARUSCO
Outra reivindicação dos oposicionistas é a convocação do ex-gerente da
Petrobras Pedro Barusco. Luiz Sérgio já indicou que defende a
investigação do recebimento de propina pelo ex-gerente que também atuou
no governo do tucano Fernando Henrique Cardoso.
O relator indica que poderá extrapolar para os anos do tucano na
Presidência da República o período previsto no requerimento de criação
da CPI, que limitou a apuração entre 2005 a 2015. O PMDB, porém, manobra para limitar os trabalhos apenas para a era petista.
Em sua delação premiada, Barusco afirmou à Polícia Federal que começou a
receber propina entre 1997 e 1998, da empresa holandesa SBM Offshore.
O ex-gerente também relatou na mesma série de depoimentos que o esquema
da Petrobras rendera ao PT entre US$ 150 milhões e US$ 200 milhões entre
2003 e 2013. Há ainda pedido de convocação do tesoureiro do PT, João
Vaccari Neto, por ser um dos investigados na Lava Jato. O plano de
trabalho da CPI será apresentado na próxima quinta-feira (5) pelo
relator.
O PSDB também pede a convocação de políticos, ex-diretores da Petrobras e intermediadores de pagamentos de propina investigados.
Além de Barusco e e Vaccari, também figura na lista da oposição o
ex-ministro José Dirceu, citado na delação premiada do doleiro Alberto
Yousseff como um dos destinatário do dinheiro desviado de contratos da
Petrobras.
Há pedidos de convocação da presidente da Caixa Econômica Federal, Miriam Belchior, e do presidente do BNDES, Luciano Coutinho.
Com ligações com a Petrobras são alvos: os ex-presidentes Graça Foster,
Sérgio Gabrielli, José Eduardo Dutra, os ex-diretores Renato Duque,
Nestor Cerveró e José Carlos Cosenza.
Também são pedidos os depoimentos do operador do PMDB, Fernando Soares, e
de Shinko Nakandakari e Julio Faerman, apontados como intermediadores
de pagamentos de propina.
Além dos tucanos, o PPS também entregou os requerimentos logo no início
do dia. Foram 24 pedidos, também de quebra de sigilos e convocações.
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