02 março, 2015

PSDB 'madruga' para ter preferência em pedidos na CPI da Petrobras

Operação Lava Jato


A oposição madrugou nesta segunda-feira (2) na Câmara dos Deputados para garantir preferência na análise de pedidos de convocação e quebras de sigilos na CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Petrobras. 

O prazo para a entrega dos requerimentos começou às 8h, mas o líder do PSDB, Carlos Sampaio (SP), chegou às 6h28. O deputado Antonio Imbassahy (PSDB-BA), um dos representantes do partido na comissão, chegou um pouco depois. 

Os requerimentos são analisados no plenário da CPI pela ordem de entrega. Os pedidos pedem a prioridade apenas se for fechado um acordo para a inversão de pauta. Para assegurar o primeiro lugar na fila, uma assessora foi escalada para chegar à porta da sala da CPI antes das 5h. 

O primeiro lote de documentos dos tucanos tem 57 pedidos. O primeiro é a criação de subrelatorias: a de sistematização, com o objetivo de organizar todo o acervo probatório da comissão; a operacional, para conduzir a investigação propriamente dita; e o núcleo político, para investigar a atuação de agentes políticos na organização criminosa que se instalou na Petrobras. 

Se conseguir uma subrelatoria, a oposição consegue ditar o ritmo de parte da investigação, que é comandada pelo petista Luiz Sérgio (RJ), relator da CPI. 

O PSDB solicita compartilhamento de informações da Operação Lava Jato, que investiga o esquema de corrupção na empresa, com o STF (Supremo Tribunal Federal), o Ministério da Justiça e o Ministério Público Federal. 

Sampaio afirmou que a estratégia é importante e terá influência no começo da atuação da CPI. "Foi uma ação importante porque nossos requerimentos serão analisados antes mesmo dos que forem apresentados pelo relator. Esses pedidos são os que nós consideramos de mais significativo para dar um norte para a CPI", disse o líder tucano. 

BARUSCO
 
Outra reivindicação dos oposicionistas é a convocação do ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco. Luiz Sérgio já indicou que defende a investigação do recebimento de propina pelo ex-gerente que também atuou no governo do tucano Fernando Henrique Cardoso. 

O relator indica que poderá extrapolar para os anos do tucano na Presidência da República o período previsto no requerimento de criação da CPI, que limitou a apuração entre 2005 a 2015. O PMDB, porém, manobra para limitar os trabalhos apenas para a era petista. 

Em sua delação premiada, Barusco afirmou à Polícia Federal que começou a receber propina entre 1997 e 1998, da empresa holandesa SBM Offshore. 

O ex-gerente também relatou na mesma série de depoimentos que o esquema da Petrobras rendera ao PT entre US$ 150 milhões e US$ 200 milhões entre 2003 e 2013. Há ainda pedido de convocação do tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, por ser um dos investigados na Lava Jato. O plano de trabalho da CPI será apresentado na próxima quinta-feira (5) pelo relator. 

O PSDB também pede a convocação de políticos, ex-diretores da Petrobras e intermediadores de pagamentos de propina investigados.

Além de Barusco e e Vaccari, também figura na lista da oposição o ex-ministro José Dirceu, citado na delação premiada do doleiro Alberto Yousseff como um dos destinatário do dinheiro desviado de contratos da Petrobras. 

Há pedidos de convocação da presidente da Caixa Econômica Federal, Miriam Belchior, e do presidente do BNDES, Luciano Coutinho. 

Com ligações com a Petrobras são alvos: os ex-presidentes Graça Foster, Sérgio Gabrielli, José Eduardo Dutra, os ex-diretores Renato Duque, Nestor Cerveró e José Carlos Cosenza.
Também são pedidos os depoimentos do operador do PMDB, Fernando Soares, e de Shinko Nakandakari e Julio Faerman, apontados como intermediadores de pagamentos de propina. 

Além dos tucanos, o PPS também entregou os requerimentos logo no início do dia. Foram 24 pedidos, também de quebra de sigilos e convocações.




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