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Panelaço simultâneo trouxe visibilidade aos protestos marcados para o dia 15 em pelo menos 34 cidades
O panelaço que estampou capas dos principais jornais brasileiros nesta segunda-feira (9) não foi uma reação às palavras ditas por Dilma Rousseff em seu discurso no Dia Internacional da Mulher.
Registrado em diversas cidades, o barulho foi articulado na semana
anterior por pelo menos três grupos: Revoltados Online, Vem pra Rua e
Movimento Brasil Livre. Por meio de montagens fotográficas com imagens
de Dilma e Lula no Facebook, os grupos convidavam a população para o
bate panela, independentemente do que a presidente dissesse em seu
pronunciamento oficial.
"Independentemente do que fosse dito ela
tomaria o panelaço", completa Marcello Reis, líder do Revoltados
Online, movimento que reivindica a autoria da mobilização digital. "É
importante frisar que a iniciativa partiu da gente."
"[O
panelaço] Teve comunicação prévia, sim", confirmou à BBC Brasil Kim
Kataguri, porta-voz do Brasil Livre. "Depois se espalhou de maneira
espontânea."
Os mesmos grupos estão entre os principais
articuladores dos protestos marcados para o próximo 15 de março a favor
do impeachment de Dilma.
"A gente queria preparar um esquenta para as manifestações da semana", explica Reis.
O "esquenta" continua: desde o episódio, as páginas conclamam seus
seguidores a enviarem fotos interagindo com a imagem da presidente em
seu pronunciamento. A maior parte das imagens compartilhadas pela página
mostra gestos obcenos.
"Não orientamos ninguém a fazer essa
coisa do dedo", diz Reis, do Revoltados Online. "Compartilhei a imagem
de um médico amigo meu fazendo o gesto e as pessoas começaram a
repetir."
Resultados
Em seu primeiro pronunciamento em
rede nacional desde o início do segundo mandato, Dilma Rousseff pediu
paciência aos brasileiros e atribuiu os problemas enfrentados pelo país
ao que definiu como crise internacional.
"Estamos na segunda etapa do combate à mais grave crise internacional desde a grande depressão em 1929", disse a presidente.
Em sua fala, Dilma afirmou que "não havia como prever que a crise
internacional duraria tanto". Durante o discurso de 15 minutos, destacou
"a coincidência de estarmos enfrentando a maior seca da nossa história,
no Sudeste e no Nordeste" e fez breve menção às investigações da
operação Lava Jato.
"A mão da Justiça vem se fortalecendo",
disse. "É isso, por exemplo, que vem acontecendo na apuração ampla,
livre e rigorosa nos episódios lamentáveis contra a Petrobras."
Em meio a críticas ao discurso - classificado por muitos como
"desconectado da realidade" -, o panelaço simultâneo trouxe visibilidade
aos protestos marcados para o dia 15 em pelo menos 34 cidades - de
Natal, no Rio Grande do Norte, a Blumenau, em Santa Catarina.
Nas últimas 24 horas, segundo a ferramenta Topsy, o termo "panelaço"
apareceu 44 mil vezes no Twitter. A palavra impeachment, por sua vez,
foi compartilhada 14 mil vezes no mesmo período.
As hashtags
mais associadas a "panelaço" foram #foracardozo (referência ao ministro
da Justiça José Eduardo Cardozo), #vaiadilma e #foradilma.
Além
do Brasil - que concentrou 89% das menções -, o panelaço foi
compartilhado nos Estados Unidos, em países europeus e na Austrália. 66%
das publicações foram compartilhadas por homens.
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