O
nascente governo Dilma Reloaded e sobretudo a imensa maioria dos
brasileiros teriam muito a ganhar se a presidente, mais do que se
preocupar com a repercussão imediata dos protestos destes dias, tentasse
entender os recados da ruas.
Começaram de manhãzinha nesta
sexta-feira 13 e vão até à noite atos promovidos em todo o país pela
CUT, MST e outras organizações de trabalhadores e movimentos sociais.
O
eixo do documento que convocou a mobilização expressa crítica
contundente à política econômica do segundo mandato. Embora os
manifestantes defendam a soberania das urnas, que consagraram a petista
em outubro, eles não estão batendo palmas para a presidente. Muito pelo
contrário, opõem-se ao arrocho que sacrifica os assalariados e constitui
o cerne da nova orientação governamental.
Quem são as pessoas que
hoje desfraldam suas bandeiras? Na maioria esmagadora, eleitores de
Dilma, decisivos para o triunfo da ex-guerrilheira.
É a base
política de Dilma que a condena por ter proclamado na campanha que faria
uma coisa para, fatura eleitoral consumada, fazer outra diferente. É
por isso que não há ministros nos atos, nem o ex-presidente Lula.
Os aliados da presidente alertam: não é direito de governantes impor o que, quando candidatos, haviam dito que não imporiam.
Nem punir os mais pobres com medidas historicamente associadas a concorrentes de Dilma em 2014.
No
domingo, depois de amanhã, o papo é outro. Quase todos os manifestantes
que sairão às praças votaram contra Dilma no ano passado e parcela
expressiva deles pedirá o impeachment da presidente constitucional.
Foi
para esses cidadãos que a nova política econômica piscou, adotando
medidas de arrocho, vulgo “ajuste'', que também seriam aplicadas em
eventual governo Aécio Neves.
Ao oferecer concessões a seus
opositores, Dilma Rousseff não ganhou um só simpatizante entre aqueles
que a rejeitaram nas cabines de votação meses atrás.
A virada acabou por estimular a radicalização de segmentos sociais que se recusam a aceitar a vontade majoritária do eleitorado.
O
governo mostrou-se fraco. Como sabe qualquer boxeur iniciante, se o
adversário dá a impressão de fraquejar, é hora de partir para cima.
Com
a política econômica remodelada, abatendo conquistas dos trabalhadores,
Dilma leva seus aliados a protestar contra decisões do governo.
E os antagonistas a atacarem, reivindicando impeachment e outras variantes também de inspiração golpista.
São esses os recados das ruas.
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UOL
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