O ministro Eduardo Braga (Minas e Energia) disse nesta segunda-feira (2)
que não ficará "de braços cruzados" frente as denúncias de corrupção no
setor elétrico.
Braga afirmou que ainda não teve acesso a qualquer detalhe das
investigações, que podem incluir casos de corrupção em grandes obras de
hidrelétricas, como da usina de Belo Monte.
A expectativa é de que o empreendimento venha a ser objeto de delação já
que a construtora Camargo Corrêa, que faz parte de seu consórcio
construtor, negociou acordo de delação.
O ministro deu uma entrevista ao vivo para o programa "Roda Viva", da TV Cultura, na noite desta segunda-feira (2).
"Eu não conheço a delação da Camargo Corrêa. Mas é importante dizer que,
na semana passada, Belo Monte teve seu balanço de 2014 aprovado com
auditoria. Aprovado em seu conselho também em auditoria", frisou o
ministro.
Segundo Braga, ainda nesta terça-feira (3) haverá uma reunião com a CGU
(Controladoria-Geral da União) e a AGU (Advocacia-Geral da União) para
tratar o assunto.
"Quanto mais rápido agirmos e quanto mais rápido ficar esclarecido, menor prejuízo teremos no setor elétrico", afirmou.
PETROBRAS
Sobre o escândalo de corrupção na Petrobras, o ministro disse que não há
"nenhum problema" dizer que se está combatendo a corrupção no Brasil.
"Estamos combatendo a corrupção. Na Petrobras estamos fazendo isso. Não confundamos isso com a Petrobras", defendeu.
O ministro disse também que as revelações da operação Lava Jato, que vem
manchando a imagem da empresa e fazendo derreter seu valor no mercado
de ações, terá um "efeito colateral muito positivo".
"Vamos avançar em compliance, transparência e vamos blindar não só a
Petrobras, mas as empresas públicas, da intervenção e da interferência
político partidária. Esse será um grande ganho a partir da Lava Jato."
Braga também defende que as empresas envolvidas no esquema de corrupção
"não sejam penalizadas", para que não se prejudique o volume de
investimentos na indústria do petróleo, óleo e gás.
"Precisamos compreender que teremos de encontrar com a Justiça
brasileira e com o Ministério Público, mecanismos de fiscalização,
controle, acordos de leniência, do que será o custo de reparo que essas
empresas terão que ter com patrimônio público e a Petrobras", disse.
"Mas manter de pé esse programa de investimento", complementou.
O ministro salientou que é preciso preservar essa indústria, que gera milhares de empregos no país.
"Acordo de leniência é uma prática do mundo civilizado, maduro. Não dá
para deixar os investimentos parados. Isso irá punir povo brasileiro
duplamente: pelos mal feitos e pela queda investimento."
CONTA DE LUZ
O ministro comentou os recentes aumentos sobre a conta de luz de todo
país, aprovados na última semana pela Aneel (Agência Nacional de Energia
Elétrica).
Braga reconheceu que parte desses repasses que são agora percebidos pela
população vieram de uma correção da reestruturação do setor em 2012,
que gerou um desconto médio de 20% sobre as tarifas dos consumidores no
início de 2013.
"Eu concordo que a previsibilidade poderia ter sido mais detalhada
naquele momento. Previram um cenário que não era o do pior momento, que
acabou turbinado por uma crise da questão hídrica, com graves e sérias
pressões para dentro do setor elétrico que acabou criando um
desequilíbrio", frisou.
CHARME
Braga também afirmou que a troca de energia entre o Brasil e os países
vizinhos é uma ação comum e importante para manter a segurança do
sistema elétrico no país.
Segundo ele, as críticas feitas a importação de energia elétrica da
Argentina feita neste ano não se dão por questões técnicas, mas "porque
nesse momento é charmoso dizer isso".
A importação de energia extra da Argentina ocorreu após o apagão de 11
Estados e o Distrito Federal, no mês de janeiro, devido ao consumo
excessivo de energia no horário de pico.
A importação foi feita justamente para dar mais folga ao sistema durante o período de maior consumo.
Braga disse ainda que "haverá um esgotamento hídrico no Brasil",
referindo-se ao futuro, mas sem citar datas ou previsões. Por este
motivo, ele considera "estratégico" para o país estar conectado com
todos os países da América do Sul.
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