Manuscrito estava na casa do presidente da UTC, Ricardo Pessoa
por Cleide Carvalho, enviada especial
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Atualizado
CURITIBA - A Polícia Federal apreendeu na residência do presidente da
UTC Engenharia, Ricardo Pessoa, seis páginas de anotações manuscritas
com estratégias das empreiteiras para anular a Operação Lava-Jato. Nas
anotações constam metas de um “Projeto Tojal” ao custo total de R$ 3,5
milhões. Entre os pontos mencionados estavam trechos como “trazer a
investigação para o STF”, “estudar o acordo”, “fragilizar” ou “eliminar”
as colaborações premiadas firmadas e “campanha na imprensa para mudar a
opinião pública” .
De acordo com o MPF, na casa de Pessoa havia também documentos de
transferência de dinheiro para a offshore RFY Import e Export, uma das
offshores usadas pelo doleiro Alberto Youssef.
Em depoimento à Polícia Federal, Pessoa admitiu que pagou R$ 2,4
milhões em dois contratos de consultoria à empresa D3TM, que pertence ao
ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque. A PF suspeita que
esses contratos eram mais um dos que serviam para dar aparência de
legitimidade ao recebimento de propina, como os já encontrados e
firmados entre empreiteiras e quatro empresas de fachada do doleiro
Alberto Youssef. A D3TM ainda e Duque ainda estão sob investigação.
Os procuradores afirmam que Pessoa era o líder do cartel das
empreiteiras. Era ele quem passava mensagens ou ligava para os demais
dirigentes de empreiteiras para marcar e combinar as reuniões, que
aconteciam no escritório da UTC - a maioria delas no Rio de Janeiro.
ENTENDA A LAVA-JATO
A Operação Lava-Jato foi
deflagrada em 17 de março pela Polícia Federal (PF) para investigar um
suposto esquema de lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Na época,
foram presas 24 pessoas, entre elas o doleiro Alberto Youssef. Os
detidos foram acusados de participar de uma organização criminosa que
tinha o objetivo de lavar R$ 10 bilhões oriundos de desvio de dinheiro
público, tráfico de drogas e contrabando de pedras preciosas.
A operação foi consequência da prisão do empresário André Santos, em
dezembro de 2013, com US$ 289 mil e R$ 13.950 escondido nas meias.
Santos é réu em ação na qual é acusado de fazer parte do braço
financeiro de uma quadrilha de libaneses especializada em contrabandear
produtos do Paraguai, operando um esquema de lavagem.
Empreiteiras suspeitas de abastecer o esquema de Youssef e do
ex-diretor da Petrobras declararam à Receita Federal os pagamentos
feitos a empresas dos dois principais acusados na Operação Lava-Jato.
Documentos comprovaram repasses efetivos de recursos às empresas do
doleiro e do ex-diretor, como consta nas declarações de retenção de
impostos das próprias empreiteiras. Entre as depositantes estão as
construtoras OAS, Mendes Júnior e Camargo Corrêa, apontadas pela
contadora do doleiro Meire Bonfim Poza como integrantes do esquema.
O escândalo do doleiro Youssef respingou ainda sobre o ex-ministro da
Saúde Alexandre Padilha (PT-SP) e levou André Vargas a se desfiliar do
partido para manter o mandato de deputado federal. Vargas é suspeito de
fazer parte de um esquema de tráfico de influência e lobby em favor de
Youssef junto ao Ministério da Saúde. Vargas usou um jato providenciado
pelo doleiro para fazer uma viagem familiar e teria se beneficiado de
uma série de outros favores.
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