O engenheiro baiano Ricardo Pessoa, dono da construtora UTC e
coordenador do cartel de empreiteiras no esquema de corrupção
da Petrobras, fez chegar à VEJA um resumo do que está pronto a revelar à Justiça caso seu pedido de delação premiada seja aceito:
1) O esquema organizado de cobrança de propina na
Petrobras foi montado em 2003, no governo de Luiz Inácio Lula da Silva,
então amigo do empreiteiro. O operador era o tesoureiro do PT Delúbio
Soares, réu do mensalão.
2) A UTC financiou clandestinamente as campanhas do
hoje ministro da Defesa, Jaques Wagner, ao governo da Bahia em 2006 e
2010. A campanha de Rui Costa, em 2014, também foi financiada com
dinheiro desviado da Petrobras.
3) A empreiteira ajudou o ex-ministro e mensaleiro
petista José Dirceu a pagar despesas pessoais a partir de simulação de
contratos de consultoria. Dirceu recebeu 2,3 milhões de reais da UTC
somente porque o PT mandou.
4) O presidente petista da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, sempre soube de tudo.
5) Em 2014, a campanha de Dilma Rousseff e o PT receberam da empreiteira 30 milhões de reais desviados da Petrobras.
Ricardo Pessoa pode demonstrar que esse dinheiro saiu ilegalmente da
estatal, através de contratos superfaturados, e testemunhar que o
partido conhecia a origem ilícita. Também pode contar que o esquema de
propinas foi montado pelo PT com o objetivo declarado de financiar suas
campanhas eleitorais.
O presidente do BNDES (mantido no cargo), Luciano Coutinho, avisou
Pessoa que o tesoureiro de Dilma, Edinho Silva, o procuraria para pedir
dinheiro, conforme VEJA revelou três semanas atrás. Pessoa confirma que
deu mais 3,5 milhões de reais à campanha presidencial petista após ser
procurado por Edinho e a revista acrescenta agora que a conversa entre
eles teve duas testemunhas.
6) O suposto ministro da Justiça, José Eduardo
Cardozo, ciente de que Pessoa estava prestes a denunciar Lula, Dilma e
Dirceu, procurou os advogados do empreiteiro, e o acordo de delação
premiada que ele negociava com os procuradores da Operação Lava Jato foi
suspenso.
Ao contrário do que pregam OAB, Kennedy Alencar, Ricardo Noblat e o próprio ministro,
as reuniões secretas não partiram dos advogados, mas sim de Cardozo,
disposto a cometer qualquer tipo de abuso para obstruir o inquérito.
Não duvido que o pacote de acenos do governo tenha incluído ainda a
possibilidade de remodelar a pena do dono da UTC nos tribunais
superiores para colocá-lo em prisão domiciliar o mais cedo possível.
Em suma: se Ricardo Pessoa, em vez de ceder à
pressão petista, denunciar à Lava Jato toda essa máfia infiltrada na
máquina pública, e se os investigadores conseguirem demonstrar item por
item, então o impeachment de Dilma
na base legal do artigo 85, inciso 5, ou a cassação de seu mandato na
da lei federal nº 9.504 são muito pouco para o bem do Brasil: o PT tem
de ser extinto e os mandantes do esquema têm de apodrecer atrás das
grades.
VEJA
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