O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, avisou a Rodrigo Janot que a
área de inteligência do governo detectou um aumento do risco à
segurança do procurador-geral da República e sugeriu que sua segurança
fosse ampliada.
Segundo a Folha apurou, na manhã desta quinta-feira (26) já
teriam sido adotadas medidas para incrementar o aparato de segurança do
procurador-geral.
O encontro entre as duas autoridades aconteceu na noite de quarta, no
gabinete de Janot, e não foi registrado nas agendas de nenhum deles.
Quando confrontados pela Folha, primeiramente tanto um quanto o outro alegaram um projeto de iniciativa conjunta como assunto.
O encontro ocorre às vésperas de Janot entregar a lista de políticos
denunciados ou que terão inquéritos abertos para apurar relação com os
desvios da Petrobras investigados na Operação Lava Jato.
Janot vem adiando sucessivamente a divulgação da lista. O último
adiamento ocorreu nesta semana, quando era aguardada a revelação dos
nomes.
Diante do vazamento do encontro reservado com Cardozo, o
procurador-geral comentou com interlocutores o desconforto com a
impressão de que ele teria tratado da lista dos políticos com o
ministro.
Janot então explicou que a verdadeira razão da conversa teria sido a
ameaça a sua integridade. Cardozo não detalhou essas ameaças, mas disse
que há "radicais se avolumando em vários segmentos", e sugeriu que o
procurador adotasse precauções adicionais.
A inteligência do governo estaria monitorando, ainda, riscos a outras autoridades, não detalhados no encontro.
Questionados sobre a possibilidade de o alerta soar como uma tentativa
de intimidar Janot às vésperas da esperada lista, interlocutores do
procurador dizem que ele entendeu a visita como uma legítima preocupação
do ministro com sua segurança.
MICHEL TEMER
Na manhã desta quinta-feira, depois de encontrar Cardozo, Janot teve
nova reunião não registrada na agenda. O procurador-geral foi visitar o
vice-presidente da República, Michel Temer. A conversa ocorreu na
residência oficial do peemedebista, o Palácio do Jaburu.
Segundo a assessoria da PGR, Janot foi pedir a Temer a garantia de que
os recursos orçamentários para conceder reajustes salariais no
ministério Público serão mantidos no Orçamento. A preocupação se deve,
segundo a assessoria, a uma greve de servidores que já dura semanas.
Ainda de acordo com assessores, Janot e Temer não trataram em nenhum
momento da lista da Lava-Jato. A assessoria não soube informar por que o
encontro não foi divulgado e ocorreu na casa de Temer, e não em seu
gabinete no Palácio do Planalto.
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