O doleiro Alberto Youssef afirmou a procuradores que investigam o
esquema de corrupção na Petrobras que o senador e ex-presidente da
República Fernando Collor de Mello (PTB-AL) recebeu propina de R$ 3
milhões resultante de negócio da BR Distribuidora, subsidiária da
estatal.
Segundo o doleiro, a operação com a BR Distribuidora foi intermediada
por um emissário de Collor e do PTB, o empresário e consultor do setor
de energia Pedro Paulo Leoni Ramos. Nessa ocasião, segundo Youssef,
Ramos trabalhou como um operador do esquema, intermediando suborno.
PP, como Ramos é conhecido, é amigo do senador desde a juventude. Foi
ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos no governo Collor
(1990-1992) e é dono de uma empresa de consultoria que também fazia
negócios com Youssef, a GPI Participações e Investimentos.
Editoria de Arte/Folhapress |
De acordo com Youssef, a propina resultou de um contrato no valor de R$
300 milhões assinado em 2012 entre uma rede de postos de combustíveis de
São Paulo e a BR Distribuidora.
O negócio era para que a rede deixasse uma marca de combustíveis e
passasse a integrar o grupo de revendedores da BR Distribuidora.
Em contratos regulares de troca de marca, em geral a empresa
distribuidora dá um incentivo para que o posto de gasolina mude de
bandeira. A ajuda serve para financiar obras e melhorias na rede.
Em 2012, foi nesse tipo de operação que teria sido negociada a propina
no valor de 1% do total do contrato, o que corresponde a R$ 3 milhões.
O valor, segundo Youssef, foi arrecadado nos postos, em dinheiro vivo,
em três parcelas de R$ 1 milhão, e depois repassado a Leoni. O dinheiro
era destinado a Collor, afirma o doleiro.
De acordo com o delator, todos sabiam que Leoni era um emissário do senador.
Em seu depoimento, Youssef não detalhou como a propina teria chegado a
Collor. Ele também não apontou nomes de diretores da BR Distribuidora
que estariam envolvidos no esquema.
O depoimento de Youssef à força-tarefa da Lava Jato em Curitiba foi feito entre outubro e novembro de 2014.
Neste mês, o doleiro prestou novo depoimento sobre Collor, desta vez à
Procuradoria-Geral da República, para dar mais informações sobre a
suposta participação do ex-presidente no esquema de corrupção.
Em outro depoimento que prestou aos procuradores, Youssef disse que, em
maio de 2013, mandou entregar R$ 50 mil em dinheiro vivo no apartamento
de Collor em São Paulo. O senador nega a acusação.
A entrega teria sido feita por um dos emissários do doleiro, Rafael
Ângulo Lopes, que também firmou acordo de delação premiada com a
força-tarefa da Lava Jato.
O PTB, partido do qual Collor é atualmente líder no Senado, tinha dois
diretores na BR Distribuidora: José Zonis, na área de Operações e
Logística, e Luiz Claudio Caseira Sanches, na Diretoria de Rede de
Postos de Serviço.
Eles permaneceram na estatal entre 2009 e 2013. Zonis foi uma indicação
direta do senador, segundo a Folha apurou; Sanches, do partido.
Ramos também é alvo de investigações da força-tarefa da Lava Jato em
razão do repasse de R$4,3 milhões que uma de suas empresas fez à
companhia MO Consultoria, de Youssef.
As autoridades também apuram negociações feitas entre Ramos e Youssef
ligadas ao setor elétrico e ao laboratório Labogen, suspeito de integrar
o esquema de fraudes do doleiro
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