Lideranças da oposição no Congresso Nacional defenderam nesta
sexta-feira a ida do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à nova
CPI da Petrobras, que será instalada na semana que vem na Câmara dos
Deputados. Reportagem do jornal "O Estado de S. Paulo" publicada nesta sexta-feira (20)
revelou que Lula e seu sócio Paulo Okamotto, presidente do Instituto
Lula, têm recebido emissários de empreiteiros que são alvos da operação
Lava Jato desde o fim do ano passado.
Os emissários têm pedido interferência política de Lula para evitar o
colapso econômico das empresas, após uma série de prisões preventivas em
curso e as consequências financeiras das investigações.
O líder do PPS na Câmara, Rubens Bueno (PR), afirmou que o
ex-presidente tem de dar explicações sobre seu envolvimento com
empreiteiros citados no escândalo de corrupção e desvio de recursos da
Petrobras. "Ninguém pode deixar de dar uma resposta. Se ele for honesto,
se disporia a depor na CPI. Nenhum homem público pode se negar a falar
sobre o que fez", disse.
Para Rubens Bueno, Lula sempre teve um envolvimento próximo com os
dirigentes das empreiteiras investigadas na operação. Bueno citou o fato
de que o ex-presidente teria viajado em jatinhos das empresas e
promovido, antes e depois de seu mandato, as empreiteiras em obras
dentro e fora do País. Ele observou que, como ainda não foram definidos
os espaços de cada partido nas comissões, não sabe se o PPS terá assento
na comissão e, dessa forma, poderia formalizar o pedido de convite, que
poderá ser aceito ou não pelo convidado, no caso Lula.
O líder do DEM no Senado, Ronaldo Caiado (GO), é a favor do pedido para
chamar o ex-presidente. Caiado lembrou que na CPI mista sobre a estatal
que funcionou ano passado já havia apresentado requerimentos para ouvir
Lula e também Dilma. Os dois pedidos, contudo, foram rejeitados - no
caso da Dilma, por falta de amparo legal por não se poder fazer esse
tipo de pedido.
"Vejo a ida dessas duas pessoas como extremamente relevantes. Temos que
buscar a falar de quem tem que dar a última palavra, não é o (Pedro)
Barusco, o (Renato) Duque, e o (João) Vaccari, porque essas pessoas são
como o Delúbio, as tarefeiras", disse. "Lula e Dilma são os autores
intelectuais do processo", completou.
O presidente do Democratas, senador Agripino Maia (RN), também se disse
favorável a ida do ex-presidente à CPI. Mas ressalvou que não se pode
fazer "espetaculosidade" do assunto. Segundo ele o caso é muito mais
sério do que uma eventual ida de Lula ao Congresso. Segundo ele, o
importante é saber, por meio de outras formas de apuração, qual o
envolvimento dele com os investigados na operação.
Agripino Maia cobrou que a presidente Dilma Rousseff se pronuncie sobre
os encontros de seu ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, com
representantes de empreiteiros da Lava Jato.
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