O presidente-executivo do HSBC, Stuart Gulliver, que prometeu reformar o
banco, escondeu milhões de libras em uma conta na Suíça por meio de uma
empresa no Panamá e manteve seu domicílio fiscal em Hong Kong, segundo
reportagem do jornal britânico "The Guardian" publicada neste domingo
(22).
Ele foi envolvido no caso que ficou conhecido como "Swissleaks
e veio à tona após uma associação internacional de jornalistas divulgar
documentos sobre contas secretas mantidas na Suíça pelo HSBC.
As informações apontam que a companhia ajudou clientes a esconder
bilhões de dólares em ativos, dentre eles de clientes brasileiros, e
dessa forma evitar o pagamento de impostos.
Segundo o jornal, o executivo, que nesta segunda-feira (23) deverá
apresentar os resultados do HSBC em 2014, seria o dono de uma conta
aberta em nome da Worcester Equities Inc., uma empresa anônima
registrada no Panamá, com um saldo de 7,6 milhões de libras em 2007. Ele
teria recebido seus pagamentos de bônus do HSBC por meio desta conta
até 2003.
Gulliver teria ainda uma segunda conta em nome da Worcester Foundation, que foi fechada antes de 2007.
Embora baseado agora no Reino Unido, onde fica a sede do HSBC, o
executivo mantém seu domicílio fiscal em Hong Kong por motivos legais e
fiscais, segundo cita o "The Guardian".
Essas novas informações surgem no momento em que o executivo de 55 anos,
graduado pela universidade de Oxford, que se tornou
presidente-executivo em 2011, enfrentará perguntas de jornalistas pela
primeira vez desde que o jornal inglês e outros veículos de mídia
publicaram documentos vazados, que revelaram conduta imprópria pela
subsidiária do banco na Suíça.
Os documentos cobrem o período entre 2005 e 2007 e detalham como o banco
foi cúmplice em operações de evasão e planejamento fiscal agressivo, e
forneceu serviços bancários a criminosos, traficantes de drogas, amigos e
familiares de ditadores.
Gulliver já pediu "desculpas sinceras", dizendo que "os padrões com os
quais operamos hoje não estavam universalmente em prática nas nossas
operações na Suíça oito anos atrás".
Segundo o "The Guardian", o banco deverá anunciar nesta segunda-feira um lucro superior a 13 bilhões de libras em 2014.
O pacote total de benefícios de Gulliver, de acordo com projeções,
deverá ser de aproximadamente 750 milhões de libras. No entanto, foi
noticiado neste fim de semana, que ele poderá abrir mão de parte de sua
remuneração porque o banco teria concordado em pagar multas referentes a
outras acusações de transações financeiras feitas contra o banco no ano
passado.
Em resposta a perguntas feitas pelo "The Guardian" sobre sua conta
pessoal, um representante de Gulliver disse que ele usou a subsidiária
do HSBC na Suíça para receber seus pagamentos de bônus antes de 2003,
quando ele se mudou de Hong Kong para Londres.
Os advogados do executivo disseram que ele pagou impostos em Hong Kong e
explicaram que ele seguiu esse procedimento porque queria que seus
bônus tributáveis continuassem resguardados. Segundo eles, caso ele
mantivesse esses depósitos em uma conta do HSBC, seus colegas de Hong
Kong tomariam conhecimento de seus ganhos.
Segundo o jornal, os advogados de Gulliver não responderam porque o
executivo manteve esse dinheiro no Panamá, já que contas na Suíça
oferecem anonimato.
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