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Mastrangelo Reino/Folhapress
(Bloomberg) -- César Mata Pires acumulou uma das maiores fortunas do
Brasil construindo estádios para a Copa do Mundo, plataformas de
petróleo e rodovias, do Haiti a Angola.
Em seu auge, em 2014, o patrimônio líquido de Mata Pires chegou a US$ 7
bilhões, segundo o Bloomberg Billionaires Index. Hoje, é de menos de
US$ 1 bilhão.
O declínio de Pires segue o de Eike Batista, que chegou a ser o homem mais rico do país.
O empreiteiro de 65 anos é o mais recente magnata brasileiro a ver sua
fortuna cair em um momento em que a maior investigação de lavagem de
dinheiro da história do Brasil coincide com o crescimento econômico
lento e com as medidas anticrise adotadas pela presidente Dilma
Rousseff.
A fortuna de Mata Pires despencou em novembro, quando a Polícia Federal
realizou buscas na sede paulistana de sua empresa, a OAS. A polícia
prendeu vários executivos, incluindo o chefe de sua principal divisão de
construção, por uma suposta participação em um cartel que pagava
funcionários da Petrobras para fraudar o processo licitatório e obter
contratos.
Pires não foi ligado, nem acusado de qualquer irregularidade.
Títulos da empreiteira no exterior despencam
Embora seja apenas uma entre pelo menos seis construtoras cujos
executivos foram acusados na investigação de corrupção, a OAS sofreu o
maior baque no mercado de bonds (títulos de dívida externa).
As notas emitidas pela OAS Investments GmbH para 2019 caíram 88%, para
12 centavos de dólar, desde as prisões, e a empresa descumpriu
pagamentos, citando dificuldade de acesso a financiamentos.
Para garantir os pagamentos devidos aos detentores de bonds, no dia 19
de fevereiro um juiz julgou procedente a expropriação de uma fatia da
participação da OAS na Invepar, um consórcio de infraestrutura.
MPF acusa seis empresas; OAS foi a mais atingida
Um dia depois, o Ministério Público Federal acusou seis empresas,
incluindo a OAS, de desviarem fundos públicos e exigiu que elas pagassem
R$ 4,5 bilhões e fossem banidas de novos contratos com o governo.
Foi a primeira vez que os procuradores da República que investigam os
supostos subornos na Petrobras acusaram as empreiteiras de
irregularidades.
A OAS negou as acusações. A Petrobras não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.
"A negociação, nesses níveis, mostra que o mercado de bonds está
pensando que não existe saída para a OAS", disse Klaus Spielkamp, chefe
de vendas de renda fixa da Bulltick, em entrevista por telefone, de
Miami.
"Existem dificuldades em todas as construtoras, mas a OAS foi a mais
atingida. A investigação atingiu esferas mais elevadas na OAS do que em
outras empresas".
Sócio de Pires foi preso
Pires controla 90% da OAS por meio da CMP Participações, uma holding com sede em Salvador, segundo um documento de 2013.
O único outro acionista da empresa, José Adelmário Pinheiro Filho,
administrava a divisão de construção da OAS antes de ser preso na
operação policial de novembro. Ele negou qualquer irregularidade.
A Polícia Federal também levou sob custódia pelo menos outros três funcionários da OAS.
Grande beneficiária com construções para a Copa
Fundada em 1976 no nordeste do Brasil, a OAS espalhou seu império por
toda a América Latina, a África e o Oriente Médio trabalhando para
clientes privados e públicos.
Entre seus mais de 2.000 projetos estão a icônica ponte estaiada
Octávio Frias de Oliveira, em São Paulo, e mais de 4.600 quilômetros de
rodovias.
A companhia, uma das maiores doadoras de campanhas políticas do Brasil,
foi uma das grandes beneficiárias do boom da construção que antecipou a
Copa do Mundo, no ano passado, e os Jogos Olímpicos de 2016.
Nos protestos de junho de 2013, manifestantes com cartazes se voltaram
contra a OAS por lucrar com novos estádios financiados por bancos
estatais à custa dos contribuintes.
Um dos dois projetos da OAS para a Copa do Mundo, a Arena das Dunas,
estava entre as obras destacadas pelos auditores do governo como
potenciais elefantes brancos que poderiam sobrecarregar os cofres
públicos. A OAS diz que as lojas e espaços de escritórios ajudarão a
tornar o estádio rentável.
Presidente da OAS na lista de Paulo Roberto Costa
Em 2010, a OAS ganhou um contrato de 15 anos para fornecer cinco
navios-sonda à Petrobras. A OAS também possui contratos para trabalho em
refinarias da Petrobras, incluindo a Abreu e Lima, em Pernambuco.
Os investigadores dizem que os contratos da Petrobras envolvendo a OAS totalizaram US$ 51,5 bilhões entre 2005 e 2014.
Os investigadores afirmam que Pinheiro era o contato direto da OAS com o
ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa em um esquema de cartel.
Conhecido como "Léo", o ex-presidente foi listado como contato da OAS
em um arquivo usado por Costa para manter o controle sobre as empresas
das quais ele solicitava apoio político, segundo documentos judiciais.
Os investigadores afirmam que Pinheiro, que deixou o cargo de
presidente depois que foi preso, se reuniu com outros suspeitos de
formarem parte do cartel para determinar os vencedores dos contratos.
OAS nega acusações
O juiz federal Sérgio Moro disse no dia 15 de dezembro que, como
executivos da OAS teriam usado um doleiro para movimentar dinheiro até
2014, ele precisaria suspender todos os contratos ou manter os
executivos na prisão para interromper o "esquema criminoso". Ele disse
que a segunda opção causaria menos danos colaterais.
Edward Rocha de Carvalho, advogado que representa Pinheiro e outros
réus relacionados à OAS, disse em entrevista por telefone que as prisões
são "absolutamente ilegítimas" e que não há nada ilegal no contato de
Pinheiro com Costa.
Ele disse que o depoimento do doleiro Alberto Youssef mostra que
qualquer dinheiro que tenha sido movimentado pela OAS não possuía
relação com a Petrobras.
A assessoria de imprensa da Petrobras não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.
A OAS disse, em resposta enviada por e-mail, que nega as acusações. A
empresa afirmou em dezembro que realiza suas atividades com integridade,
guiada pela conduta ética e pelo respeito às leis.
Um representante de Pires preferiu não comentar a respeito de seu patrimônio líquido.
Agência de risco corta nota da empresa
Segundo a agência de avaliação de riscos Moody's, a OAS tinha uma
dívida líquida de R$ 7,3 bilhões sobre uma receita de R$ 8,3 bilhões no
ano fiscal terminado no dia 30 de setembro de 2014.
No dia 28 de janeiro, a agência de classificação rebaixou a nota da OAS
de B2 para C, classe de títulos com rating mais baixo, porque a
construtora não realizou um pagamento de US$ 16 milhões relativo aos
seus US$ 400 milhões em notas sênior sem garantia com vencimento em
2021.
Cristiane Spercel, analista da Moody's, disse que estima prejuízos para
os credores em uma potencial reestruturação de dívida pelo fato de a
empresa endividada enfrentar uma combinação de desaceleração econômica,
maior volatilidade cambial e acusações de corrupção.
Credores na Justiça
Os credores acionarão a OAS na Justiça. Na semana passada, um juiz do
Estado de São Paulo julgou procedente a expropriação de um terço da
participação de 24% da OAS na Investimentos e Participações em
Infraestrutura, a Invepar, um consórcio de infraestrutura.
A expropriação foi pedida por detentores de dívidas da OAS que buscam
garantir o pagamento, segundo José Eduardo Tavanti, advogado do grupo de
credores.
A OAS disse que tomará medidas para apelar da decisão. A empresa negou
as acusações de que movimentou ativos para reduzir seu patrimônio e está
apresentando um plano para reestruturar dívidas, que poderia incluir a
venda de ativos, segundo um comunicado enviado por e-mail.
O fantasma de novas ações judiciais poderia complicar o plano. A
detentora de bonds Aurelius Investment notificou a OAS e potenciais
compradores de seus ativos de que o fundo está buscando pagamentos de
dívidas, segundo uma queixa apresentada no dia 11 de fevereiro em um
tribunal civil.
O banco português Caixa Geral também está tentando recuperar dívidas da empresa pela via judiciária.
"É natural que os credores negociem a esta altura para executar
garantias e tentar recuperar valor, mas essas ações judiciais tornam
mais difícil a liquidação de ativos", disse Cristiane Spercel, da
Moody's. "A investigação foi a gota que transbordou o copo".
tive o prazer de conviver com essa pessoa maria lina aguiar graca tavante a uns 20 anos atraz,,,vendia salgados na avenida brasil
ResponderExcluirBoa noite. Lina Maria de Aguiar (filha) x Maria Lina Aguiar Graça Tavante (sobrinha) do fundador do banco.
ExcluirBoa noite. Lina Maria de Aguiar (filha) x Maria Lina Aguiar Graça Tavante (sobrinha) do fundador do banco.
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