O mercado financeiro reagiu ao rebaixamento da Petrobras com a
preocupação de que isso contribua para uma diminuição da nota da dívida
soberana do Brasil.
Analistas temem que o contágio seja causado por um resgate da empresa pelo governo, por meio de uma injeção de capital.
A Moody's, no entanto, atenuou esse temor. Segundo Mauro Leos, analista
da agência para o Brasil, essa possibilidade de socorro já está nos
cálculos que levam a agência a manter a atual nota do governo (um degrau
acima do grau de investimento).
"A nota e a perspectiva do Brasil refletem nossa análise sobre uma série
de possíveis cenários, incluindo alguns mais adversos envolvendo algum
tipo de ajuda à Petrobras", disse Leos.
Segundo ele, um possível resgate elevaria a relação entre a dívida
pública bruta e o PIB (Produto Interno Bruto) dos atuais 63,4% para 70%,
ainda compatível com a nota de crédito atual.
Mas Leos faz uma ressalva: um aumento do nível de endividamento público
[considerado elevado pelo mercado] seria aceitável se a agência se
mantiver "confiante de que o governo responderá com um plano crível para
atingir consolidação fiscal, melhorar os indicadores da dívida e
aumentar investimentos e crescimento".
Para Carlos Caicedo, analista de Brasil da consultoria IHS, existe a
chance de que o rebaixamento da Petrobras tenha o efeito positivo de
ajudar o governo a persuadir o Congresso a aprovar suas propostas de
ajuste fiscal.
Mas há o risco de que, dado o peso da Petrobras para a economia, uma
deterioração ainda maior da situação da empresa contribua indiretamente
para uma redução da nota da dívida brasileira.
"Apenas a redução dos investimentos da Petrobras já compromete os
investimentos e o desempenho da economia, sem falar na arrecadação do
governo", diz Otto Nogami, professor do Insper.
Os temores do mercado se refletiram no aumento da taxa cobrada de
investidores que querem se proteger contra um possível calote do país.
Esse prêmio medido pelo chamado "credit default swap" (CDS) aumentou
para 243,2 pontos nesta quarta-feira, ante 236,2 há três dias.
Esse aumento ocorreu sobre um nível já elevado. Países com mesma
avaliação de crédito do Brasil têm percepção de risco bem menor. É o
caso da Turquia e da Indonésia, cujos CDSs fecharam ontem a 192 e 144,6
pontos respectivamente.
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