Em meio ao esforço do Palácio do Planalto para tentar recompor sua base
aliada no Congresso, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ),
disse nesta segunda-feira (23) que o governo tem que convencer os
parlamentares para não correr o risco de ter as propostas do ajuste
fiscal desfiguradas.
O deputado disse que a movimentação da equipe
da presidente Dilma Rousseff é "natural" e que não vê chance do pacote
não ser aprovado, uma vez que se trata de medida provisória, que trava a
pauta de votações na Câmara e no Senado.
Deputados e senadores ainda vão começar a discutir as mudanças na leis
trabalhista e previdenciária enviadas pelo Executivo ao Legislativo, que
têm potencial para economizar R$ 18 bilhões neste ano.
As medidas mudam regras para concessão do seguro-desemprego, do abono
salarial, da pensão por morte e do seguro-defeso para pescadores
artesanais. Os parlamentares, inclusive governistas, já apresentaram
mais de 700 sugestões de alterações no texto, sendo que algumas
pretendem derrubar as iniciativas.
Cunha disse que não tem condições de apontar o que seria a "espinha
dorsal" do projeto para a equipe econômica, mas que os líderes
partidários vão ter que encontrar um entendimento.
"O governo tem um problema, que são duas medidas provisórias para serem
votadas na Casa e que demandam articular com a base. Se não fizer,
correm o risco das medidas serem emendadas e desfiguradas", disse o
peemedebista.
"O debate sempre é bom e importante. Tem que começar a convencer a todos, mostrando as dificuldades, a realidade", completou.
EMISSÁRIO
O ajuste foi tema de um encontro entre o presidente da Câmara e o
ministro Aloizio Mercadante (Casa Civil) durante almoço nesta segunda.
Cunha afirmou que Mercadante não sinalizou eventuais concessões.
Esse foi o primeiro emissário do núcleo político de Dilma a marcar um
encontro com Cunha, considerado desafeto do Planalto. Com um cenário que
promete turbulências econômicas e políticas, Dilma foi orientada pelo
ex-presidente Lula a recompor sua base no Congresso e, em especial, com o
PMDB.
Segundo Cunha, o almoço com Mercadante tinha sido acertado antes do
Carnaval. Questionado se a articulação política do governo melhorou, ele
disse que é preciso "esperar", porque isso é um processo.
Sobre rusgas com a presidente, ele ironizou. "Mas tinha rusga?", questionou.
JANTAR
Na noite desta segunda, o vice-presidente, Michel Temer, vai oferecer um jantar
ao ministro Joaquim Levy (Fazenda) para discutir o pacote de ajuste
fiscal com a cúpula do PMDB.
Também devem participar os ministros Nelson
Barbosa (Planejamento) e Mercadante.
Além do ajuste, o governo está preocupado com o avanço de outras
propostas com forte apelo social, mas que tenham impactos financeiros. O
Congresso tem sessão nesta terça-feira (24) para analisar vetos de
Dilma a projetos aprovados pelo Legislativo.
Nesta semana, no entanto, não será analisado o veto à correção da tabela
do Imposto de Renda em 6,5%. O governo defende que o índice fique em
4,5%. A expectativa é que essa análise fique para as próximas semanas. O
Planalto acionou o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL),
para não incluir o veto na pauta de votações. Ele passa a bloquear a
pauta na próxima semana.
O presidente da Câmara afirmou que não houve nenhuma articulação
política para tirar o veto da pauta, e que trata-se apenas de uma
questão regimental.
Outra preocupação do Palácio é com a instalação da CPI da Petrobras, que
começa a tramitar na quinta (26). Cunha afirmou ainda que esse assunto
já está na pauta.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
O Blog Olhar de Coruja deseja ao novo Presidente Jair Messias Bolsonaro tenha grande êxito no comando do nosso País.