O governo decidiu fazer uma ofensiva junto às principais agências de
classificação de risco para evitar que as mesmas sigam a trilha da
Moody's e declarem a Petrobras empresa insegura para se investir.
Em outra ponta, o Palácio do Planalto reforçará o recado de que o ajuste
fiscal em curso é factível e que não há razão para o Brasil também ter
sua nota rebaixada. Nas próximas semanas, emissários presidenciais
buscarão conversas com a Fitch e a Standard & Poor's.
Politicamente, o episódio é um balde com água gelada sobre os esforços do governo de debelar sua impopularidade no curto prazo.
A importância da Petrobras para a economia brasileira é tão grande que
não restou outra alternativa à presidente a não ser trazer o
rebaixamento para o colo da petista, que saiu em defesa da empresa
estatal.
A ordem interna é repetir que o "rating" nacional não está sob risco.
Mas, nos bastidores, interlocutores presidenciais reconhecem que essa
chance se tornou real com a decisão da Moody's.
A avaliação é que, mais do que nunca, a Petrobras precisa apresentar seu
balanço auditado para evitar um contágio de proporções dramáticas para a
economia.
Nesta quarta-feira (25), Dilma Rousseff reagiu ao rebaixamento. "Eu acho
que [a redução da nota] é uma falta de conhecimento direito do que está
acontecendo na Petrobras. Agora eu não tenho dúvida que a Petrobras vai
ter uma capacidade de se recuperar disso sem grandes consequências",
disse a presidente após cerimônia do Minha Casa, Minha Vida no interior
da Bahia.
Questionada sobre a atuação do governo e do ministro Joaquim Levy
(Fazenda) para tentar demover a agência da decisão, Dilma disse que "o
governo sempre vai tentar evitar o rebaixamento, isso é absolutamente
natural". "Nós só lamentamos que não tenha tido correspondência por
parte da agência, mas eu acho que isso está superado."
Levy passou as últimas semanas tentando demover a agência de reprovar a
Petrobras. Chegou a se comprometer com garantias do Tesouro caso fosse
necessário, mas nem isso sensibilizou os avaliadores internacionais.
A presidente disse ainda não acreditar que a nota de risco do Brasil
também seja rebaixada, em consequência da crise econômica e política que
o país enfrenta. Para o Planalto, a Moody's antecipou em meses um
cenário de calote nem sequer configurado, pois o prazo final para a
apresentação do balanço da Petrobras é junho.
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