Apontado como um dos operadores do esquema de corrupção na Petrobras, o
empresário Shinko Nakandakari poderá tirar força de um dos principais
argumentos usados pelas empreiteiras para justificar os pagamentos
feitos aos participantes do esquema.
Os advogados das empresas dizem elas que foram alvo de extorsão e só
aceitaram pagar propina a operadores como Shinko porque temiam ser
prejudicadas em seus negócios com a Petrobras se não cooperassem com o
esquema.
Shinko aceitou colaborar com as investigações e fechou acordo de delação premiada com os procuradores da Operação Lava Jato. Segundo ele, foi a Galvão Engenharia, uma das empreiteiras investigadas, que o procurou em busca de ajuda para facilitar seus negócios com a Petrobras.
O empresário começou a prestar depoimentos na quinta-feira (19). Ele é o
13º suspeito que decide colaborar com as investigações, revelando o que
sabe em troca da promessa de que receberá uma pena menor da Justiça.
A participação de Shinko no esquema foi revelada por um executivo da Galvão Engenharia, Erton Fonseca, que afirmou ter pago R$ 5 milhões a ele para serem repassados a funcionários da Petrobras.
O executivo da Galvão disse que Shinko atuava em parceria com Pedro
Barusco, ex-gerente da estatal que também colabora com as investigações e
afirmou que dividia a propina da sua área com o então diretor de
Serviços, Renato Duque, ligado ao PT.
Shinko deverá confirmar a versão de Barusco para a divisão do dinheiro.
Segundo ele, sua participação no esquema teve início há cinco anos,
quando teria sido procurado por um executivo da Galvão que dizia
enfrentar dificuldades para conseguir novos contratos na Petrobras.
Ex-funcionário da Odebrecht, Shinko era um consultor conhecido no
mercado e já tinha contato com Barusco na época. Ele diz que esteve com
Duque algumas vezes e pretende informar os pagamentos feitos a ele. Em
seus depoimentos, Barusco disse que ficava com 40% da propina e Duque
com os outros 60%.
DENTRO DA LEI
O advogado de Erton Fonseca, José Luis Oliveira Lima, afirmou que todos
os contratos da Galvão com a Petrobras foram obtidos de forma legal.
''Shinko Nakandakari jamais falou em nome da Galvão Engenharia ou era
seu operador ou representante", disse. "Conforme meu cliente esclareceu,
ele foi vítima de concussão e extorsão praticadas por funcionário
público e por particular, sendo o que o sr. Shinko se apresentou como
intermediário da diretoria de serviços na coação.''
O advogado de Shinko, Rogério Taffarello, afirmou que não se
manifestaria sobre o acordo de delação por causa do sigilo que envolve
os depoimentos de seu cliente.
Alex Argozino/Editoria de Arte/Folhapress | |
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