A equipe econômica da presidente Dilma Rousseff já avisou à chefe que
há, sim, um risco real de o Brasil entrar em recessão neste ano.
Em alguns cenários traçados, projeta-se uma queda de 0,5% a até 1% da atividade econômica em 2015.
O número preocupa a cúpula do governo diante das dificuldades de reverter, no curto prazo, tal quadro.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
A projeção pessimista levou setores da Esplanada dos Ministérios a
defender a montagem de um programa de incentivo aos investimentos como
forma de garantir a volta do crescimento em 2016. Entretanto, por ora, o
Ministério da Fazenda resiste a uma solução que passe por elevar o
nível do gasto público.
Titular da pasta, Joaquim Levy tem dito nos bastidores que, se houver
dúvidas por parte do mercado de que o Executivo fará um ajuste fiscal
suficiente para segurar as despesas, os investidores ficarão na
defensiva.
Nas reuniões sobre o tema, a avaliação é que a recessão não só "bateu na
porta do país como já começou a entrar". Isso se deve, principalmente, à
crise da Petrobras, ao apagão hídrico e à situação energética no país.
O cenário é bem pior do que o imaginado no final do ano passado, quando o
governo acreditava que poderia fechar 2015 com crescimento pequeno ou
nulo. A última projeção oficial foi feita no final de 2014 e registrava
um crescimento de 0,8%.
Oficialmente, Levy refuta que o cenário recessivo já esteja configurado.
Afirma que a economia brasileira é muito resiliente e, mesmo em 2002,
ano da eleição de Luiz Inácio Lula da Silva, não houve recessão.
Ocorre que, ao assumir o posto, foi o próprio ministro quem prometeu
abandonar previsões do governo e passar a utilizar projeções do mercado.
No levantamento divulgado pelo Banco Central na semana passada, a média
das projeções apontou para uma retração de 0,42% na atividade econômica
neste ano.
Levy tem tentado convencer seus colegas e a presidente da República a
rever as desonerações da folha de pagamento concedidas nos anos finais
de seu antecessor imediato, Guido Mantega.
Para o atual chefe da equipe econômica, conforme relatos de pessoas que
estiveram com ele, é preciso "suspender um pouquinho essa terapia porque
o paciente não está respirando muito bem".
Para a equipe de Dilma, a piora no cenário externo gera instabilidade mundial e pressiona o dólar.
A Grécia, por exemplo, voltou ao centro das turbulências econômicas
diante da resistência da Alemanha em prorrogar o acordo de empréstimos
ao país.
DOSE DUPLA
Se o cenário de recessão neste ano se concretizar, o país deverá
enfrentar dois anos seguidos de retração econômica. Na semana passada,
em encontro com investidores e analistas em Nova York, Levy afirmou que o
Brasil pode ter encerrado 2014 com queda no PIB. O resultado oficial
será divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística) no final do próximo mês.
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