Reza
a Constituição que os Poderes da República são independentes e
harmônicos entre si. Sempre firme no seu propósito de presidir o
Legislativo com independência, Renan Calheiros já demonstrou que é a
favor de tudo e absolutamente contra qualquer outra coisa. Desde que
esteja em perfeita harmonia com o Executivo.
Para socorrer Dilma
Rousseff novamente, Renan empurrou com a barriga a votação do veto
presidencial ao texto que havia reajustado a tabela do Imposto de Renda
em 6,5%.
Deputados e senadores esperavam deliberar sobre a matéria
em sessão marcada para terça-feira (24). Como presidente do Congresso,
Renan é o responsável pela elaboração da pauta. Relacionou quatro vetos
presidenciais. Nenhum deles trata do Imposto de Renda. A exclusão ocorre
num instante em que até um pedaço PMDB, partido de Renan, tramava
juntar-se à oposição para ajudar a derrubar o veto de Dilma.
Às
voltas com a herança que deixou para si mesma, Dilma faz por pressão o
ajuste fiscal que não fez por opção. E afirma que não há dinheiro no
Orçamento da União para cobrir o custo de um reajuste de 6,5% na tabela
do IR. Coisa de R$ 7 bilhões. Ela oferece 4,5%, um percentual bem abaixo
da inflação, que fechou 2014 em 6,41%. Com o gesto de Renan, o Planalto
ganhou tempo para seduzir seus aliados mais fiei$.
A partir de 8
de março, o veto do IR passa a “trancar'' a pauta do plenário do
Congresso, que reúne deputados e senadores em sessões unicamerais.
Significa dizer que nada poderá ser votado antes que os congressistas
decidam se vão manter ou derrubar o veto de Dilma.
Autor da emenda
dos 6,5%, o deputado pernambucano Mendonça Filho, líder do DEM, disse
que protocolará na Mesa do Congresso um requerimento para que o veto do
IR seja incluído na pauta desta terça. “Não há razão nenhuma para
esperar mais tempo. Os trabalhadores estão sendo penalizados. A
presidente diz concordar com o reajuste de 4,5%, mas não fez nada para
assegurar nem mesmo esse percentual. Já se passaram quase dois meses de
2015 com correção zero. Agora, querem impor o terceiro mês sem
reajuste.”
Mendonça acrescenta: “Não é aceitável que o Planalto
exerça seu poder de pressão sobre o presidente do Congresso para impedir
a apreciação de um veto que prejudica os trabalhadores, impondo um
aumento de imposto disfarçado. Faremos o possível para evitar.”
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