Recém-eleito líder do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani (RJ), 35, diz
que há um erro do PT ao aparelhar politicamente o Estado e que o governo
não pode ser para "companheiros do partido''.
"Creio que a presidente Dilma tem condições de reverter este quadro e
mudar essas práticas do seu partido. É preciso fazer um governo não para
os companheiros do partido, mas para os brasileiros''.
O sucessor de Eduardo Cunha (RJ) na liderança, que votou em Aécio Neves
(PSDB), defende que o PMDB almeje a Presidência em 2018 e elogia o
prefeito Eduardo Paes. Leia trechos da entrevista.
Pedro Ladeira/Folhapress | ||
Leonardo Picciani (RJ), novo líder do PMDB na Câmara |
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Folha - Deputados reclamam que Eduardo Cunha o ajudou na campanha pela liderança.
Leonardo Picciani - A interferência de Cunha na disputa pela
liderança foi zero, ficou neutro. A interferência dele, tanto para um
lado como para o outro, não deixaria a diferença de apenas um voto, pelo
prestígio que ele tem.
Devido à sua proximidade com Cunha, deputados afirmam que o senhor será "um laranja'' dele na liderança.
Não tem nenhuma procedência. É um grande amigo, mas eu tenho meu
temperamento e as minhas posições, e ele tem as dele. As posições que
vou adotar não serão nem minhas nem do Eduardo Cunha. Serão posições da
maioria da bancada. Minha carreira demonstra que tenho independência, eu
presidi a Comissão de Constituição e Justiça antes do deputado Cunha,
ele foi meu sucessor.
Mas quando o senhor presidiu a CCJ e ele era relator de projetos sobre a CPMF, vocês atuaram em conjunto.
Eu era presidente da comissão e indiquei o relator. No momento que ele
apresentou relatório, a comissão aprovou o parecer da CPMF.
Não foi uma operação casada?
De forma alguma. Agi com ele como agi com todos os deputados da comissão. Coloquei em votação quando o parecer estava pronto.
O senhor fez campanha para Aécio Neves, inclusive o seu pai foi o articulador do Aezão. Aécio seria melhor que Dilma?
Votei no Aécio porque achava que era necessário ter alternância de
poder. A maioria da população não pensou assim e optou pela reeleição de
Dilma. Como democrata e peemedebista, eu respeito a posição das urnas.
O governo está mergulhado numa crise devido ao escândalo da Petrobras. Apoiaria um pedido de impeachment?
Não apoio. Não há razão para se falar em impeachment neste momento. Não há fato concreto para falar nisso.
Acha que é o pior momento vivido pelo governo do PT?
Não sei se o pior, mas é um momento grave em razão da crise econômica e
de diversos fatores. Creio que é necessário neste momento ter muita
atenção e responsabilidade com o país e é necessário que o governo
reveja seus canais de interlocução. Converse mais com o Congresso e
sociedade e corrija erros.
Onde a presidente errou?
Eu acho que há um erro de prática, que não é da presidente em si, mas do
partido da presidente. É preciso rever práticas. A prática do
aparelhamento do Estado precisa ser revista. Não é possível se aparelhar
partidariamente e politicamente o Estado brasileiro. Creio que a
presidente Dilma tem condições de reverter este quadro e mudar essas
práticas do seu partido.
Quais práticas?
Da colocação de companheiros políticos em funções estratégicas que
deveriam ser ocupados por quem merece e por quem tem capacidade. É
preciso fazer um governo não para os companheiros do partido, mas para
os brasileiros.
Mas o mesmo vale para o PMDB, que faz indicações políticas para o governo?
Também. Agora, no PMDB já existem pessoas que defendem há bastante tempo
rever esse posicionamento. O PT precisa seguir esse caminho.
Concorda com Cunha, que diz que a articulação política do governo é atrapalhada?
Concordo. Falta interlocução mais homogênea. Mas acho que o governo agora passa a prestar mais atenção nessa questão.
Apoia Eduardo Paes à Presidência em 2018?
Sem sombra de dúvida. O PMDB deve almejar apresentar ao país um projeto.
E Paes tem feito um grande governo. Poderá ser um nome a ser
considerado para 2018.
O PMDB romperia com o PT?
Por que romperia? Temos o vice Michel Temer. Qual seria a dificuldade de
ter Paes na cabeça da chapa e o vice do PT? Não tem impedimento para
isso. Não está escrito em lugar nenhum que o PT só pode ser a cabeça de
chapa.
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RAIO-X
NOME: Leonardo Carneiro Monteiro Picciani
IDADE: 35 anos
FORMAÇÃO: Direito
TRAJETÓRIA: Filiado ao PMDB desde os 18 anos, foi eleito deputado
quatro vezes. Já presidiu a CCJ e foi secretário estadual de Habitação
do governo Sérgio Cabral.
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