Assim que chegaram à custódia da Polícia Federal de Curitiba (PR), na
manhã de 14 de novembro de 2014, uma sexta-feira, 23 empresários e
executivos presos na sétima fase da Operação Lava-Jato foram acomodados
em um auditório.
O dia já tinha começado da pior maneira possível. Capturados em suas
casas logo cedo, eles haviam embarcado em um avião que deu pane na
viagem rumo ao Paraná, onde seriam enclausurados.
Ainda perplexos com a situação, os executivos foram sendo chamados, em grupos de três, para se identificarem.
Pacientemente, alguns dos maiores empreiteiros do país, como Leo
Pinheiro, presidente da OAS, Ricardo Pessoa, presidente da UTC, Sergio
Mendes, vice-presidente da Mendes Junior, Dalton Avancini, presidente da
Camargo Corrêa, e Ildefonso Colares Filho, presidente da Queiroz
Galvão, entregaram a carteira de identidade aos policiais.
Suas malas, com as roupas que conseguiram empacotar às pressas antes de sair de casa, eram abertas e reviradas.
Nomes anotados, bagagens revistadas, todos receberam um kit com apenas um cotonete, xampu e sabonete.
E então ultrapassaram as grades de ferro do cárcere, encaminhando-se à
ala em que seriam abrigados –e onde, três meses depois, a maioria ainda
permanece.
BANHEIRO PÚBLICO
A ala é formada por três celas de paredes brancas, unidas por uma sala
comum. Com um beliche, uma mesa e banco de concreto, cada uma delas está
preparada para receber duas pessoas. Naquela manhã, acolheram um número
quatro vezes maior.
Espremidos nos cubículos, os empresários começaram a tratar das coisas
práticas. Os mais velhos dormiriam nas camas. Os demais, em colchonetes
espalhados pelo chão.
Cada cela tem um vaso sanitário de aço pregado no chão e uma pia.
Um dos investigados presos naquele dia, e que agora está em liberdade, relatou à Folha:
"Nada separa a latrina do restante do espaço. A pessoa tem que ir ao
banheiro na frente de todos os outros que estão presos ali. Nós então
colocamos um colchão entre a privada e as camas. Quando alguém estava
usando, colocava uma toalha sobre ele. Assim os outros não se
aproximavam".
O sanitário de uma das celas "era usado para o 'número um' [xixi]. O outro, em outra cela, para o 'número dois´[fezes]".
Nos primeiros dias, o sanitário entupiu. Coube a Erton Medeiros Fonseca,
diretor da Galvão, solucionar o problema. "Depois desse evento,
providenciamos um saco e não jogamos mais papel na latrina", relata o
ex-preso.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
CANTORIA
A pressão de Eduardo Leite, vice-presidente da Camargo Corrêa, que é
cardiopata e bipolar, foi a 23 por 12. Ele e José Ricardo Breghirolli,
da OAS, só choravam.
Leo Pinheiro, da OAS, e Sérgio Mendes, da Mendes Junior, ficavam
calados. Erton, da Galvão, não saía da cela. Agenor Medeiros, diretor da
OAS, estava agitado. A ponto de aborrecer os carcereiros.
Os demais conseguiam demonstrar alguma normalidade. Renato Duque,
ex-diretor de serviços da Petrobras que conseguiu ser solto, até cantava
para alegrar os colegas. "Ele tem um vozeirão", diz um ex-preso. O
repertório incluía bossa-nova e MPB.
Com medo de escutas ambientais, evitavam puxar assunto sobre as
acusações que os levaram até ali. Chegavam a conversar baixinho e com a
mão na boca para evitar leitura labial. O tempo parecia não passar. E
relógios estavam proibidos nas celas.
"A marcação do tempo para quem está encarcerado em um cubículo é muito
importante", diz um advogado. "Aqui fora, temos distrações que nos fazem
esquecer da hora. Mas, para quem está sem fazer absolutamente nada, não
ter noção do tempo que passa é muito cruel."
Obcecado, Agenor Ribeiro deu um jeito de amenizar a aflição: criou um
relógio de sol, marcando riscos na parede quando a hora era informada a
ele pelos carcereiros.
A PF acabou autorizando a instalação de um relógio de parede em um dos cubículos.
FAXINA
É proibido fumar. Ricardo Pessoa, da UTC, é abastecido por seus
advogados com caixas de adesivos de nicotina para tolerar a abstinência.
Os presos até hoje só têm direito a duas horas de sol. É quando aproveitam para lavar meias e cuecas.
Outras roupas, e também lençóis, travesseiros e fronhas, são entregues a
eles por advogados e familiares, e trocados semanalmente. Não há
uniforme. Os detentos usam agasalho, bermuda de ginástica e calça de
sarja.
Na hora do banho, os empreiteiros e executivos têm que fazer fila pois só há dois chuveiros. A água é quente.
A limpeza das celas também é feita por eles. Um dos advogados relata que
leva "produtos de limpeza como Pinho Sol e Veja", usados para limpar o
chão e o sanitário.
Os empresários despejam tantos produtos no chão, e o cheiro é tão forte,
que carcereiros às vezes brincam: "Vocês estão bebendo cândida?".
As famílias levam ainda bolachas, frutas e água mineral –caso contrário, eles teriam que beber da torneira.
A hora da refeição é também de algum suplício: quando as marmitas são
entregues, os presos têm que ficar voltados para a parede, de costas
para os carcereiros.
A comida servida é "puro sal", segundo os relatos de quem esteve na
custódia. "Todos os dias eles servem arroz, uns quatro caroços de
feijão, macarrão por cima. E frango, peixe ou carne."
Os talheres são de plástico. A faca não corta nada. Os empresários têm que pegar a carne com as mãos.
NO ESCURO
As celas, com lâmpadas queimadas, são escuras. Recentemente, os presos
foram autorizados pela PF a usar luminárias de led para leitura.
Com acesso dificultado a revistas e jornais e sem TV, eles se esforçam
para escutar o som dos telejornais que chega das salas dos carcereiros. É
assim que se atualizam sobre a Operação Lava Jato.
A maioria dos ainda detidos (onze já foram libertados) recebe a visita
de advogados quase diariamente –e de familiares às quartas-feiras. Da
cela ao parlatório, eles têm que caminhar com as mãos para trás e a
cabeça baixa, por medida de segurança.
Há relatos de esgotamento emocional de alguns presos, que imaginavam que passariam pouco tempo na cadeia.
A tensão, nestes momentos, às vezes é quebrada com a passagem da
fisioterapeuta de Alberto Youssef (o doleiro fica numa ala vizinha). Ela
é considerada uma mulher muito bonita.
Não há visita íntima na custódia da PF. Os empreiteiros ficam separados
da mulher e dos filhos por uma parede de vidro. Às vezes, os carcereiros
abrem exceção. E permitem que os detentos abracem os seus familiares.
Estão reclamando do quê?
Todo castigo para ladrão ainda é pouco!
Será que ainda queriam estar dormindo em suas camas "king size" com lençóis de percal 200 fios, tomando banho em banheiras de suas "salas de banho" luxuosas, usando seus ternos italianos, comendo caviar de restaurantes finos e ouvindo óperas famosas ao invés do "vozeirão" de Renato Duque ou ainda, a companhia feminina de Val Marchiori ?
Aposto que não se lembraram que toda a boa vida que levavam fora da prisão era à custa do dinheiro roubado do povo trabalhador que hoje está lavando a alma ao ver, pela primeira vez, na história deste país, corruptos atrás das grades!
Bem feito! Eu quero é mais! Tá faltando Lula, Dilma, Renan, enfim, toda a trupe quadrilheira.
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