O ex-ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Joaquim Barbosa voltou a
usar sua conta no Twitter para criticar os encontros que advogados de
empreiteiras sob investigação na Operação Lava Jato, da Polícia Federal,
tiveram com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, a quem a PF é
subordinada.
Segundo Barbosa, quando um advogado recorre a políticos para resolver problemas judiciais, seu objetivo é corromper a Justiça.
"Se você é advogado num processo criminal e entende que a polícia
cometeu excessos/deslizes, você recorre ao juiz. Nunca a políticos!",
escreveu Barbosa na rede social na madrugada desta terça (17). "Os que
recorrem à política para resolver problemas na esfera judicial não
buscam a Justiça. Buscam corrompê-la. É tão simples assim."
Nesta manhã, Barbosa reagiu a quem criticou suas mensagens: "[Sobre] as
reações aos meus posts recentes sobre confusão entre Política e Justiça:
meus críticos fingem não saber que hoje sou um cidadão livre. 'Cidadão
livre': livre das amarras do cargo público. Cidadão na plenitude dos
seus direitos, pronto p[ara] opinar sobre as questões da 'Pólis'".
Segundo o ex-ministro do STF, as "plumes-à-gage", expressão em francês
para designar quem é pago para escrever para alguém, ficaram "furiosas"
com seus comentários.
"Experimentem ser livres! Sei que isso seria
extremamente penoso e "custoso" para vocês".
Depois de relatar o processo do mensalão e presidir o STF, Barbosa se aposentou no ano passado.
No sábado (14), ele havia recorrido ao Twitter para defender a demissão de Cardozo por causa de seus encontros com advogados.
Segundo reportagem publicada pela revista "Veja", em um desses
encontros, com advogados da empreiteira UTC, o ministro procurou
tranquilizar a empresa, dizendo que as investigações sofreriam em breve
uma reviravolta.
A Ordem dos Advogados do Brasil divulgou nesta terça-feira (17) uma nota
sobre a polêmica envolvendo Cardozo e encontros com advogados. Segundo o
texto, o advogado ''possui o direito'' de ser recebido por autoridades
para tratar de assuntos que tangem à defesa de seus clientes. ''Não é
admissível criminalizar o exercício da profissão'', afirma a diretoria
da OAB.
A nota diz ainda que a OAB permanecerá ''lutando'' para que o advogado seja recebido em audiência por autoridades.
OUTRO LADO
Cardozo reconheceu ter encontrado advogados das empreiteiras, mas disse que não cometeu nenhuma ilegalidade.
"Não há absolutamente nada de ilegal ou de irregular no fato de que o
Ministro de Estado da Justiça receba advogados que pretendem representar
contra eventuais atos ilegais que julguem ter ocorrido no âmbito da
atividade de órgãos da pasta", afirmou em nota. "Alias, é dever do
Ministério da Justiça receber estas representações e determinar o seu
regular processamento, sob pena de incorrer em grave violação legal."
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