O senador Jorge Viana (PT-AC), vice-presidente do Senado, criticou nesta
sexta-feira (6) a condução pelo Ministério Público das investigações
sobre o esquema de corrupção na Petrobras. O petista cobrou ainda a
divulgação imediata da lista de envolvidos e disse que o sigilo sobre ela já não existe mais porque está havendo vazamentos seletivos há meses.
"A condução desse processo até agora foi um vexame. Há um joguete de
vazamento de nomes de pessoas que é inaceitável. O Supremo tem que tomar
uma atitude definitiva e espero que seja o de dar transparência, já que
ela está sendo feita seletivamente para atingir pessoas", afirmou o
senador, um dos poucos que compareceu ao Senado nesta sexta.
O petista não atribuiu os vazamentos diretamente ao procurador-geral da
República, Rodrigo Janot, nem ao STF (Supremo Tribunal Federal), mas a
pessoas que atuaram em outros níveis das investigações.
"As pessoas vazam os nomes e se diz que o processo está em sigilo? Há
uma lista fantasma ainda. É uma hipocrisia o que o país está vivendo
hoje em uma de suas crises mais graves", disse.
Ele cobrou ainda que o Supremo e a PGR tomem as rédeas do processo e
deem transparência ao processo o mais rápido possível. A expectativa é
que o ministro relator do caso, Teori Zavascki, divulgue ainda nesta
sexta os 54 nomes de pessoas envolvidas na Operação lava Jato que
tiveram o pedido de abertura de inquérito apresentado por Janot.
O ministro pode, no entanto, decidir por manter o sigilo sobre ela.
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Já se sabe alguns nomes que estão na lista, como dos presidentes da
Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e do Senado, Renan
Calheiros (PMDB-AL), do senador e ex-presidente da República Fernando
Collor (PTB-AL) e da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR).
Um dos nomes que também será investigado é do irmão de Jorge Viana, o governador do Acre, Tião Viana (PT). Na próxima semana serão enviados ao STJ
(Superior Tribunal de Justiça) pedidos de investigação sobre a eventual
participação de Tião Viana e do governador do Rio de Janeiro, Luiz
Fernando Pezão (PMDB).
Citações aos nomes dos dois governadores estão na corte desde o mês
passado, quando o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, promoveu
a cisão das delações. Ele manteve no STF deputados e senadores e
encaminhou ao STJ os governadores, foro competente para processá-los.
Questionado sobre o envolvimento de seu irmão, Viana voltou a dizer que
não dá para responder a qualquer acusação antes da divulgação oficial
dos envolvidos que podem ser investigados.
RENAN
O presidente do Senado, Renan Calheiros, também fez críticas e acusou Janot de não ter garantido o seu direito de defesa ao longo do processo que investiga o esquema de corrupção na Petrobras.
O peemedebista informou que a Advocacia do Senado protocolou na manhã
desta sexta um requerimento em caráter urgente no gabinete do ministro
Zavascki em que pede para ter acesso prévio do pedido de abertura de
inquérito. Renan quer prestar esclarecimentos antes da decisão de
Zavascki sobre o pedido de abertura de inquérito.
"O que se requer é que, antes da efetiva instauração do inquérito, o
Presidente do Senado Federal possa conhecer o teor das passagens e das
citações supostamente relacionadas ao seu nome e que lhe seja concedida a
oportunidade de prestar esclarecimentos para subsidiar a decisão de
Vossa Excelência, seja quanto à abertura seja para arquivamento das
peças encaminhadas pelo PGR", diz a petição.
Assinada pelo advogado geral do Senado, Alberto Cascais, a petição pede
ainda para que Renan tenha acesso aos trechos de todas as delações
submetidas à análise do ministro e a outros documentos ou materiais
usados pelo procurador ao longo do processo.
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