Renan Calheiros protocolou no STF sua primeira petição
no caso do petrolão. Na peça, ele se diz vítima de “inverdades”,
sustenta que o procurador-geral Rodrigo Janot “atropelou a legislação” e
tenta dissuadir o ministro Teori Zavascki da ideia de abrir inquérito
para apurar as suspeitas do seu envolvimento na roubalheira da
Petrobras. Renan não contratou advogado. Quem assina sua defesa é o
advogado-geral do Senado, Alberto Cascais.
Repetindo: delatado na Operação Lava Jato por suposto recebimento de petropropinas,
Renan espetou sua defesa no bolso do contribuinte. Sim, isso mesmo.
Você está financiando a tentativa do presidente do Senado de se livrar
de uma investigação destinada a apurar o envolvimento dele na violação
dos cofres da Petrobras, cujo acionista majoritário é a União, que
também é financiada por você.
Calma, não se desespere. É verdade
que Renan acomodou apadrinhados na Petrobras. Entre eles o ex-senador
Sérgio Machado, que fincou raízes na Transpetro por 12 anos. Mas todo
mundo sabe que Renan fez as indicações movido pelo idealismo,
impulsionado pela vontade de servir a sociedade, embalado por uma
irrefreável entrega altruísta ao bem público.
Imagine se Renan não
fosse esse patriota inquestionável. O brasileiro em dia com o fisco
correria o risco de ser convertido num tolo de mostruário: o sujeito
pagaria os impostos, seria assaltado e ele mesmo pagaria a defesa do
salteador. É um alívio saber que Renan não é o Calheiros que o
procurador-geral Rodrigo Janot imagina.
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