Em mais um capítulo do embate entre o Ministério Público e a
Advocacia-Geral da União, associações de procuradores da República
reagiram à crítica feita pelo ministro Luís Inácio Adams sobre a atuação
da força-tarefa da Operação Lava Jato.
Em nota, divulgada na sexta-feira (27), a Associação Nacional de
Procuradores da República (ANPR) e a Associação Nacional do Ministério
Público de Contas (Ampcon) repudiaram acusação do ministro de que os
procuradores tentam utilizar os acordos de leniência como instrumento de
ameaça para obter confissões.
"Ao externar essas imaginações, fica óbvio que o ministro assume um
protagonismo a que nem mesmo os advogados privados das empreiteiras e
dos presos na operação se propuseram", criticaram as entidades.
Na nota, as entidades dos procuradores federais ressaltaram que,desde o
iníciodas apurações, o Ministério Público Federal foi procurado por
investigados e presos e "esclareceu e fixou condições que observam
estritamente o que exige a lei".
"As ameaças antevistas são outras: as que buscam violar a Lei
Anticorrupção, sem reparação integral do dano, em prejuízo à União",
disseram. "A ANPR e a Ampcon reafirmam a total confiança nos
procuradores da República que se dedicam à Operação Lava Jato",
acrescentaram.
Na quarta-feira(25),procuradores federais que atuam na Operação Lava
Jatos e reuniram com ministros do TCU (Tribunal de Contas da União) para
defender que os acordos de leniência com empresas investigadas sejam
feitos pelo Ministério Público Federal, e não pela CGU (Controladoria
Geral da União).
O argumento é de que o órgão do governo federal não tem acesso a
informações sigilosas já obtidas no rastro da Operação Lava Jato e,
assim, poderia aceitar dados que não são novos. No dia seguinte, em
entrevista publicada pelo jornal "O Estado de S. Paulo", o ministro
avaliou como um "absurdo" que o Ministério Público, com um discurso
avaliado por ele como "político" e "ideológico", queira interferir na
condução de investigação que cabe à CGU.
Procurado pela Folha, o ministro avaliou as críticas feitas pelas
associações como "impróprias" e considerou que a intenção de
procuradores federais de bloquear previamente a realização de acordos de
leniência é uma forma de pressão.
"A minha crítica, e eu a mantenho, é a de eles quererem avançar em
competência que é de outros órgãos", observou o ministro. Ele ressaltou
que, em nenhum momento, fez críticas à Operação Lava Jato.
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