Pressionada pela deterioração da economia, pela perda do controle
político do Congresso e pelo derretimento de sua popularidade, a
presidente Dilma Rousseff aumentou sua exposição para tentar reagir à
crise em que o governo está mergulhado.
Excepcionalmente calada e sumida até o fim do Carnaval, Dilma apareceu e
falou mais em 10 dias do que nos 50 dias anteriores deste segundo
mandato.
A alteração na agenda segue conselho dado pelo ex-presidente Lula.
De 20 de fevereiro a 1º de março, Dilma duplicou o número de viagens a
trabalho, concedeu ao menos três entrevistas (ato inédito até então em
2015) e aumentou o ritmo de discursos.
Nesse período, construiu agendas positivas em cinco viagens, e
participou de inaugurações na Bahia e Rio Grande do Sul. Neste domingo,
também deve estar na posse do presidente eleito uruguaio Tabaré Vázquez.
Depois, tem eventos no Rio.
Em nenhuma delas foi hostilizada, como ocorreu em Campo Grande (MS) no início de fevereiro.
Em suas falas, também após conselho de Lula, adotou um tom mais agressivo.
No dia 20, por exemplo, disse que se a corrupção na Petrobras tivesse
sido descoberta e punida no governo do tucano Fernando Henrique Cardoso
(1995-2002), o atual esquema desvendado pela Operação Lava Jato não
teria se alastrado.
Depois, no dia 25, disse que a queda da nota de crédito da estatal era
fruto da "falta de conhecimento" sobre a capacidade da empresa.
A agenda subitamente cheia e as palavras mais duras contrastam com o
isolamento experimentado pela presidente durante esse começo de ano, que
atraiu críticas de opositores e aliados.
Para os primeiros, o sumiço da presidente indicava sua incapacidade de
lidar com a crise. Para os segundos, a atitude de Dilma, em vez de
minorar as dificuldades, as alimentava.
Graças à mudança de atitude, 2015, até então o ano em que Dilma havia
menos falado desde sua chegada ao Planalto, se aproxima do ano passado
em termos de falas da presidente.
Somados, foram 12 discursos e entrevistas até a conclusão desta edição.
É um pouco menos do que 2014, quando essa soma alcançou, até o dia 1º de março, 14 (a pior até então).
Simultaneamente, apesar de manter contas em redes sociais atualizadas
com bastante frequência, outros canais de comunicação de Dilma, como o
"Café com a Presidenta", estão inativos desde junho de 2014.
Editoria de Arte/Folhapress | |
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