O PT está em pânico. O que vai acontecer no próximo domingo? Desde que
foi criado, o partido chama, segundo a metafísica da esquerda, de "povo"
os movimentos organizados, franjas da própria legenda que atuariam como
uma correia de transmissão do presente para o futuro. Os supostos
porta-vozes desse ente anunciam verdades em nome da "maioria", embora
seu aporte teórico consagre a ideia da vanguarda revolucionária, que é,
por óbvio, minoritária.
Já fui um brasileiro como eles. Há muito tempo. E sei que os chefões
nunca levaram essa bobajada a sério. A gesta redentora é só discurso do
cinismo, mas mobiliza os trouxas e incendeia o imaginário dos inocentes,
especialmente de intelectuais e jornalistas, seres mais permeáveis à
heresia da "igualdade", em nome da qual todos os crimes são cometidos.
A ação da esquerda está pautada por uma monstruosidade moral chamada
"falsa consciência", conceito que está em Marx, não só em epígonos mais
ignorantes do que ele. Se, como querem os esquerdistas, o que um homem
sabe de si, de suas aspirações e do mundo pode ser considerado uma
falsificação de uma verdadeira consciência à qual se chegaria pela luta
partidária, então esse homem deixa de ser dono de sua própria história e
de responder por suas opções. Em Banânia, esse demiurgo chulé tem um pé
em Platão e outro em João Vaccari Neto.
Nessa perspectiva, vício e virtude se definem apenas na medida em que
uma determinada ação fará "a luta" avançar ou recuar. Está aberto o
caminho para o crime –qualquer um: roubar a Petrobras ou matar é só
questão de necessidade. Isso implica que inexista teoria de esquerda
meramente culposa. Ela sempre será dolosa, embora inocentes úteis possam
ser capturados em sua teia.
Foi esse ente de razão que chegou ao poder há pouco mais de 12 anos,
fazendo a mímica das aspirações populares. Mas que digo eu? Povo não
existe! Existem pessoas. O "povo" é só uma abstração que serve a
delírios totalitários, de direita ou de esquerda. O PT está em pânico
porque o poder demiúrgico está sendo destruído por indivíduos de
verdade. É claro que há grupos convocando o domingo da libertação. Mas
ninguém se apresenta como portador do futuro.
As falsas clivagens às quais o partido apelou ao longo de 35 anos, seja
para sabotar outros governos, seja para construir o seu próprio, já não
funcionam. Como evidenciaram Daniela Lima e Juliana Sayuri nesta Folha,
"peões" e faxineiras vaiaram Dilma no Anhembi; empresários a aplaudiram.
Longe do arranca-rabo de classes que embala a língua solta de Lula, os
pobres gritaram "Fora PT". Já as empreiteiras, não fosse a PF estragar a
festa, apoiariam o petismo pelos próximos 300 anos. Que outro partido
estaria mais talhado para a arquitetura da destruição? Que outro ente,
exceção feita ao capeta, era tão eficaz em fazer o crime passar por
virtude?
Em tempo: golpista é querer ignorar que o impeachment tem prescrição
constitucional e regulamentação legal. A divergência possível é se estão
ou não caracterizados os motivos. Eu, por exemplo, acho que sim.
Quantas pessoas haverá nas ruas? Não sei. Qualquer que seja o número,
serão pessoas donas de seus quereres, donas de si. O país começa a se
libertar do PT e do que ele representa. Vai demorar um pouco, mas será
para sempre.
Em tempo: golpista é querer ignorar que o impeachment tem prescrição
constitucional e regulamentação legal. A divergência possível é se estão
ou não caracterizados os motivos. Eu, por exemplo, acho que sim.
Quantas pessoas haverá nas ruas? Não sei. Qualquer que seja o número,
serão pessoas donas de seus quereres, donas de si. O país começa a se
libertar do PT e do que ele representa. Vai demorar um pouco, mas será
para sempre.
Reinaldo Azevedo, jornalista, é colunista da Folha e
autor de um blog na revista 'Veja'. Escreveu, entre outros livros,
'Contra o Consenso' (ed. Barracuda), 'O País dos Petralhas' (ed. Record)
e 'Máximas de um País Mínimo' (ed. Record). Escreve às sextas-feiras.
FOLHA
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