Depois de minimizar a repercussão negativa pela aprovação da chamada
"bolsa-esposa", o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), admitiu
nesta segunda-feira (2) que vai propor a revisão das passagens para cônjuges de parlamentares após a medida ser atacada pela sociedade.
Cunha vai sugerir nesta terça-feira aos outros integrantes da Mesa
Diretora da Casa regras mais rígidas para a concessão dos benefícios. A
ideia é que os parlamentares tenham que solicitar à Casa autorização
para o uso dos bilhetes para a mulher ou marido, entre o Estado e a
capital federal, em casos específicos. Os técnicos da Casa ainda avaliam
os critérios.
"Não foi precipitado. Não acho que foi precipitado nem que deveria tomar
mais cuidado. Acho muito bom quando se faz uma atitude e pode ter
tranquilidade de vir e rever, cometer situações que temos uma convicção e
vemos que a convicção não teve a receptividade da opinião pública",
disse.
E completou: "Não somos imunes a críticas e possíveis erros. Temos que ter tranquilidade para resolver o problema."
O presidente da Câmara disse que a decisão de levar o caso para ser
definido pela cúpula da Casa é porque não pode bancar o "salvador da
pátria". "Não pode a decisão ser da Mesa, causar desgaste e eu ser o
salvador da pátria e revogá-la. Cabe a mesa."
A volta da concessão das passagens para mulher e deputado foi uma
proposta de campanha de Cunha. O congressista afirmou que a medida foi
mal interpretada e tratada erroneamente como "regalia".
"Foi uma repercussão muito negativa. Não houve entendimento correto.
Estamos sempre subordinados a vontade da opinião pública", afirmou.
Em 2009, a Câmara restringiu o uso dos bilhetes aos deputados e
assessores, depois do episódio que ficou conhecido como "farra das
passagens", quando deputados usaram dinheiro público para custear
viagens de familiares, assessores, cabos eleitorais para destinos
nacionais e internacionais.
Nesta segunda (2), a bancada do PT na Câmara decidiu aderir ao movimento
contra a chamada "bolsa-esposa" –ou "transpatroa" como apelidaram
alguns congressistas. Os petistas reforçam a articulação que conta com a
participação de PSDB, PPS e PSOL contra a regalia. Com os 65 deputados
do PT, agora, o grupo tem 135 congressistas que se comprometeram a não
utilizar o benefício.
A bancada do PC do B, com 13 deputados, informou que também abriu mão na
semana passada do uso das passagens para cônjuges. Segundo os
parlamentares, a autorização ''confronta a essência'' do uso da verba,
que deve ser, exclusivamente, para gastos relacionados à atividade
parlamentar.
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