Manifestantes anti-PT e a favor do impeachment da presidente Dilma
Rousseff fizeram um panelaço na rua que dá acesso ao Palácio da Cidade,
em Botafogo, zona sul do Rio.
O local é onde a presidente foi recebida pelo prefeito do Rio, Eduardo Paes, em ocasião dos 450 anos da cidade.
O protesto, que começou por volta das 16h30, chegou, no auge do
movimento, a reunir 31 pessoas. O ato foi convocado pela página do
Movimento Brasil Livre no Facebook.
As pessoas se posicionaram na rua que dá acesso ao palácio e recebiam
apoio de alguns carros que passavam. Alguns metros antes do local, a
Polícia do Exército e a Polícia Militar fizeram um bloqueio e só
passavam convidados ou moradores locais.
Pelo menos um convidado, que chegou à pé à cerimônia, fez sinais de
apoio ao grupo: o poeta Ferreira Gullar. Abordado pela reportagem e
questionado se apoiava o grupo que pedia o impeachment, limitou-se a
dizer que sim.
Integrantes do Movimento Brasil Livre disseram que são favoráveis à
saída da presidente e de seu vice, Michel Temer, por acreditarem que os
políticos têm ligação com as denúncias da operação Lava Jato, que apura
desvios de dinheiro na Petrobras.
Eles citam inclusive o parecer do jurista Ives Gandra publicado na Folha que sugeriu que Dilma teria que ser responsabilizada por uma suposta omissão no casa.
O desejo maior é, contudo, a saída do PT do governo e que haja a
convocação de novas eleições, ainda que não tenham apontado nenhum nome
de preferência.
"Está cada vez mais difícil a vida no Brasil, com os preços altos, os
serviços públicos caros e difícil de conseguir empregos e estágios. O
povo tá pagando o preço da corrupção do governo", disse o estudante de
engenharia Pedro Souto, 21, do MBL.
É o MBL um dos organizadores de protesto contra a presidente no próximo dia 15, de manhã em Copacabana.
A advogada Lorraine Alves, 35, também integrante do MBL afirmou que o
movimento no Rio não tem apoio de nenhum partido político. Ela pediu
inclusive que empresários façam doações ao grupo para a aquisição de
material para cartazes e a contratação de um carro de som.
Questionada sobre o que achava do cenário hipotético de caso a
presidente deixar o posto, mas permanecer seu vice, Michel Temer, na
presidência, Alves disse acreditar que ele seria menos pior.
"Pelo menos o PMDB não é filiado ao foro de São Paulo, um organismo
comunista internacional, algo que é proibido pela nossa constituição,
que não permite partidos se filiarem a entidades internacionais", disse.
O técnico em segurança do trabalho Maycon Freitas, que administra a
página UCC (União Contra a Corrupção) no Facebook, partilha da tese de
que se os desvios na Petrobras ocorreram, eles tiveram o aval de Dilma,
lembrando que ela era presidente do Conselho da empresa durante o
período dos desvios. Freitas é um ativista conhecido no Rio. Ele chegou a
se candidatar a deputado federal pelo PTdoB, mas teve apenas 2 mil
votos e não se elegeu.
Ele criticou a postura do governo petista na condução da greve dos caminhoneiros.
"O partido que apoiou a vida inteira as greves trata dessa forma o
movimento dos caminhoneiros? Cadê a CUT, a UNE (União Nacional dos
Estudantes), o MST para defender os caminhoneiros?", disse.
Ele, que engrossou as fileiras dos que pediam intervenção militar no
país, disse que mudou de ideia por não confiar "no alto escalão das
Forças Armadas".
"Eu acho que o impeachment é a via legal e democrática para tirar o
governo que ai está. Não podemos aceitar que a chefe do país venha a
público dizer que não sabia de nada", afirmou.
Os manifestantes batiam panela e gritavam quando carros com símbolos
oficiais passavam. Um deles, levava o ex-senador Francisco Dornelles
(PP-RJ).
O protesto teve a presença também do ativista que ficou conhecido como
Batman das manifestações, devido à fantasia que usa. O ativista, que
ficou famoso por se juntar nas manifestações de junho organizadas por
anarquistas e militantes de esquerda, agora milita no movimento
pró-impeachment.
Não houve confusão durante o protesto, apenas um clima de hostilidade
breve quando algum passageiro demonstrava apoio à presidente.
Do outro lado da rua um grupo de cerca de dez pessoas observava e
fotografava as pessoas no ato. Os manifestantes os acusavam de ser
agentes do PT enviados para intimidar. A reportagem se aproximou e
questionou sobre a presença deles ali e eles negaram ser militantes de
qualquer um dos lados.
A manifestação terminou às 18h15, antes de acabar a cerimônia no palácio.
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