Para fazer frente à atual dificuldade de caixa, a Petrobras aumentou o
valor dos projetos e investimentos que pretende se desfazer neste e no
próximo ano. A estatal espera obter US$ 13,7 bilhões (R$ 39 bilhões) com
a venda de ativos no Brasil e no exterior.
A cifra representa um aumento de 25% em relação ao teto da meta
originalmente traçada –de US$ 11 bilhões (R$ 32 bilhões), valor
estabelecido em fevereiro do ano passado no Plano de Negócios e Gestão
para os anos de 2014 a 2018. O piso, na época, foi fixado em US$ 5
bilhões (R$ 14,5 bilhões).
Segundo a Petrobras, 30% dos recursos devem vir da venda de projetos de
exploração e produção, como a venda de parcial ou integral de campos de
petróleo e gás. A expectativa é que outros 30% terão origem na área de
abastecimento, que inclui refinarias, dutos, terminais e a rede de
distribuição de postos de combustíveis. A maior fatia, prevê a estatal,
deve ser obtida em empreendimentos de gás e energia, como termelétricas,
gasodutos e unidades de produção de fertilizantes.
A Petrobras não listou os projetos que serão colocados à venda. A nova
meta foi estabelecida na quinta-feira (26) em reunião da nova diretoria
colegiada da companhia.
A estatal já fez contato com bancos de investimentos, como apurou a Folha, para buscar parceiros para comprar uma fatia ou a totalidade dos projetos.
Com restrições maiores em obter crédito sem seu balanço auditado e após a
perda do grau de investimento para seus títulos de dívida, a estatal se
viu forçada a se desfazer de mais ativos, mesmo campos de produção,
cuja avaliação de seu valor é afetado atualmente pela queda do preço do
produto no mercado internacional.
Em comunicado ao mercado, a Petrobras afirmou que o aumento da previsão
de recursos que poderão ingressar no caixa da companhia com a venda de
projetos e empreendimentos faz parte "do planejamento financeiro da
companhia que visa à redução da alavancagem e preservação do caixa".
Em outras palavras, a estatal pretende reduzir seu pesado endividamento.
A estatal ressalta que pretende ainda se "concentrar nos investimentos
prioritários, notadamente de produção de óleo e gás no Brasil em áreas
de elevada produtividade e retorno" –nesse caso, a companhia faz
referência especialmente aos campos do pré-sal.
A Petrobras tinha dívidas de R$ 332 bilhões no fim de 2014. Em 2012, o
primeiro ano sob a direção da ex-presidente Graça Foster, a dívida total
da estatal era de R$ 181 bilhões. O indicador que relaciona dívida e
patrimônio da companhia subiu de 31% em 2013 para 43% no fim do terceiro
trimestre de 2014.
Outro indicador do estrangulamento do caixa é a alavancagem (que
relaciona dívida e geração de caixa): era de 2,77 em 2012 e passou para
4,63. Ou seja, a dívida, que já era quase o triplo da capacidade de
gerar fundos, subiu para quase o quíntuplo.
Se conseguir êxito na empreitada vender campos num momento de baixo
preço, menor rentabilidade e excedente de produção de petróleo, a
estatal espera, dizem analistas, conseguir recuperar a chancela de
empresa segura para investir –perdida com o rebaixamento da nota de
risco para o grau especulativo pela agência Moody's.
MERCADO
A própria Petrobras, no comunicado, reitera que o sucesso do novo plano
depende das condições de mercado. "Ressaltamos que o valor aprovado de
US$ 13,7 bilhões é a melhor estimativa da Petrobras. No entanto, ela é
sensível a variáveis de mercado, tais como a cotação do barril de
petróleo tipo brent [referência internacional], taxa de câmbio,
crescimento econômico brasileiro e mundial, dentre outras." Mudanças
nessas premissas, diz a companhia, podem modificar a meta.
As operações de venda de ativos têm de ser aprovadas pelo Conselho de
Administração da Estatal e órgãos reguladores do Brasil e do exterior,
em determinados casos.
Começou a liquidação Petrobras.
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