A Operação Lava Jato, da PF, teve como efeito colateral travar a
terceira fase do programa de concessões de aeroportos brasileiros,
prevista para este ano. Nem o mais otimista no governo prevê leilões de
terminais tão cedo.
Segundo a Folha apurou, o programa, com sorte, só será
viabilizado na virada de 2015 para 2016, em data ainda indefinida. Na
lista de espera estão os aeroportos de Salvador e Porto Alegre.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
A avaliação interna é que não há ambiente para realizar as concorrências
neste ano devido ao envolvimento das principais empreiteiras do país no
escândalo de corrupção da Petrobras.
Um assessor de Dilma brinca, dizendo que quem não está na carceragem da
PF em Curitiba, onde está centrada a Lava Lato, teme parar lá.
Nas duas primeiras fases, entre 2012 e 2013, as principais construtoras
brasileiras tiveram papel central na formação dos consórcios que levaram
os aeroportos de Guarulhos, Viracopos, Brasília, Galeão e Confins.
Hoje, o temor de restrições financeiras paira sobre construtoras como
Odebrecht, UTC, OAS, Engevix e Camargo Corrêa. As companhias
investigadas pela Lava Jato têm dívidas com bancos privados e públicos
que superam os R$ 130 bilhões, conforme revelou a Folha em novembro.
Há, ainda, outros dois fantasmas gerando insegurança para novos negócios
em terminais aeroportuários: a possibilidade de que as grandes
construtoras sejam proibidas de assinar contratos com o poder público
–algo que Dilma Rousseff tenta evitar– e a cobrança bilionária feita
pelo Ministério Público Federal a título de ressarcimento do que foi
desviado na estatal.
Nesse cenário, a Lava Jato reduz drasticamente o número de atores aptos a
disputar a concessão de aeroportos e, com isso, tende a limitar o ágio
de eventuais leilões.
Autoridades acreditam que administradores independentes podem até
arrematar algum terminal na próxima fase de leilões, mas, sem associação
com construtoras, seriam obrigados a subcontratar as obras, o que
elevaria despesas e poderia reduzir o apetite de seus lances.
Embora evite vínculo direto com a operação da PF, o ministro da
Secretaria de Aviação Civil, Eliseu Padilha, admite que o ambiente é
menos favorável. "Talvez não se consiga fazer o pregão neste ano. O
mercado não está bom para entrar com expectativas muito altas", afirma.
Padilha ponderou, contudo, que o setor de aviação deve crescer ao menos
7% pelos próximos 20 anos, o que torna o país naturalmente atrativo para
investir.
Para contornar as dificuldades atuais, o ministro diz que o governo tentará atrair mais parceiros estrangeiros.
Em reuniões recentes com ministros, Dilma manifestou preocupação com a
deterioração do ambiente de negócios causada pela Lava Jato, que ameaça
uma das principais estratégias do Planalto para amenizar a crise de
popularidade da presidente: o fortalecimento dos leilões de
infraestrutura.
A presidente orientou sua equipe a tocar todas as obras que não tenham
relação direta com a Petrobras, para evitar o distanciamento entre o
governo e o empresariado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
O Blog Olhar de Coruja deseja ao novo Presidente Jair Messias Bolsonaro tenha grande êxito no comando do nosso País.