Às vésperas de apresentar ao STF (Supremo Tribunal Federal) os pedidos
de abertura de investigação contra políticos envolvidos na Lava Jato,
o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, tem sido assediado por
deputados e senadores que tentam confirmar se seus nomes estão na lista
de indiciados.
Janot e os 11 procuradores do grupo de trabalho passaram o final de
semana revisando os pedidos de abertura de investigação que deverão ser
enviados na terça ao STF. A expectativa é de que o número de políticos
envolvidos fique em torno de 40.
Nos últimos dias, têm chegado ao gabinete de Janot requisições para
discutir projetos de interesse do Ministério Público que tramitam no
Congresso ou pedidos de autorização para visitas de cortesia.
Segundo a Folha apurou, mesmo sem revelar os nomes, procuradores
que acompanham o caso disseram que boa parte dos políticos que pedem
encontros estão na lista de futuros indiciados, mas Janot, alegando
compromissos, não os tem recebido.
Para os procuradores, as reuniões, na verdade, são somente um pretexto
para tentar confirmar se seus nomes estão ou não na relação.
Os compromissos de Janot, entretanto, não ficaram fora do universo
político. Ele esteve reunido com o vice-presidente da República, Michel
Temer, e com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. Os encontros
não integravam a agenda do procurador.
Oficialmente, com o primeiro ele tratou de verbas para viabilizar um
aumento aos servidores do Ministério Público. Com o segundo, de sua
segurança, uma vez que a Polícia Federal teria percebido aumento do
nível de risco.
A segurança pessoal tem preocupado Janot nos últimos dias. Ele diz que,
em janeiro, sua casa foi invadida por bandidos que nada levaram além de
um controle remoto do portão. Neste mês, a inteligência da PF detectou
riscos de grupos promoveram atos para constrangê-lo.
Entre as ameaças citadas estavam possíveis manifestações contra Janot em
aeroportos, com a gravação de vídeos e divulgação na internet, e
pichações em sua residência.
Cleiton Borges/Folhapress | ||
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot |
PIADAS
Apesar das ameaças, quem acompanha Janot diz que ele não tem demonstrado
nervosismo. Na última quarta (25), no STF, aparentou tranquilidade, fez
brincadeiras e mostrou piadas no WhatsApp.
Com pessoas próximas, porém, ele tem reclamado de alguns textos da
imprensa, principalmente dos que insinuam que ele estaria protegendo
alguma autoridade.
Nessas conversas reservadas, Janot tem dito que, após a apresentação dos
pedidos de investigação, o melhor seria que o ministro do STF Teori
Zavascki não só derrubasse o sigilo dos processos mas também revelasse o
conteúdo das delações premiadas.
Pessoas próximas ao procurador disseram à Folha que todas as
citações a políticos foram enfrentadas. Nos casos em que se tenha
vislumbrado indício de crime, será pedida abertura de inquérito
referente à situação.
No caso de citações laterais ou que não indiquem delitos, os
procuradores farão tal ponderação. A avaliação é de que, se as delações
fossem abertas por Zavascki, as especulações sobre quem deveria ser
investigado teriam fim.
Os integrantes do grupo de trabalho acreditam que Zavascki deve derrubar
o sigilo dos inquéritos, mantendo em segredo só pedidos de diligência
que, se descobertos, podem frustrar resultados, como grampos
telefônicos. A abertura das delações, no entanto, não deve ser feitas
num primeiro momento.
Sobre esse Janot eu só tenho duas coisas a dizer: êh, êh!
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