Estudos técnicos da empresa já apontavam as perdas quando integrantes do
Conselho de Administração da Petrobras, entre eles a atual presidente
da estatal, Graça Foster, aprovaram a continuidade das obras da
refinaria, em junho de 2012.
A CVM (Comissão de Valores Mobiliários), que monitora o mercado
financeiro, investiga o caso a pedido de acionistas minoritários.
Se for comprovado que os administradores agiram de má-fé ou se omitiram,
eles podem ser multados ou impedidos de gerir empresas com ações na
Bolsa.
O prejuízo decorre do aumento dos investimentos para construir a
refinaria. Os gastos subiram tanto que as receitas previstas para o
projeto gerar ao longo do tempo, corrigidas para valores atuais, são
insuficientes para pagar o que foi investido.
Editoria de Arte/Folhapress |
A obra de Abreu e Lima é a mais cara em curso no Brasil: deve chegar aos
US$ 18,5 bilhões. O custo inicial estimado era de US$ 2,4 bilhões.
A continuidade da obra foi aprovada pelo conselho de administração da
estatal, em junho de 2012, junto ao plano de negócios da empresa de 2012
a 2016. Os investimentos em Abreu e Lima chegavam então a US$ 17
bilhões.
Em conversas reservadas, membros do conselho da Petrobras na ocasião
afirmam que, na discussão sobre a refinaria, a diretoria da estatal
apresentou a explosão de custos da obra mas não deixou claro o valor
estimado do prejuízo, então em US$ 3,2 bilhões.
Os conselheiros, segundo a Folha apurou, chegaram a questionar se
não seria melhor reduzir o valor pelo qual se registraria a refinaria
no balanço. A área financeira disse que não era preciso.
Segundo especialistas em petróleo, naquele ponto, seria difícil para o
conselho desistir da obra, que já estava 57% concluída. Mas os
conselheiros, ponderam, poderiam ter determinado uma revisão para
reduzir o potencial prejuízo, além de levar adiante a punição dos
responsáveis.
Na auditoria feita pela estatal, os técnicos concluem que o projeto "não
passou por reavaliação econômica e aprovação de novos custos, mesmo
apresentando todas as situações para isso".
A Petrobras só criou uma comissão interna para investigar Abreu e Lima
em abril de 2014, depois que a Operação Lava Jato expôs a corrupção na
estatal. Graça já reconheceu publicamente que a refinaria era uma "lição
a ser aprendida e não repetida". Mas nunca admitiu que ela geraria
perda à empresa.
Um dos principais delatores do esquema de corrupção na Petrobras, Paulo
Roberto Costa foi diretor de Abastecimento da estatal quando Abreu e
Lima começou a ser construída. Ele foi acusado de ter superfaturado
contratos da obra. O valor pago a mais teria retornado ao ex-diretor
como propina. Há suspeita de que parte destes desvios tenha sido
repassada a políticos.
A gênese de Abreu e Lima remonta a 2005, quando o ex-presidente Lula
firmou um acordo com Hugo Chávez, da Venezuela, para que a Petrobras e a
petroleira venezuelana PDVSA construíssem uma refinaria no Nordeste.
A escalada de gastos, segundo a auditoria, foi provocada por erros de
gestão, variação cambial, e mudanças no escopo do projeto, após a saída
da PDVSA. Com a Operação Lava Jato, surgiram fortes indícios de
superfaturamento da obra por um cartel de empreiteiras.
MAQUIAGEM
Em 2009, auditoria interna já apontava que as contas de Abreu e Lima não
fechavam. Na época, os investimentos alcançavam os US$ 13,4 bilhões e o
retorno se tornou negativo em quase US$ 2 bilhões.
Segundo pessoas próximas à estatal, os dados foram "maquiados" para a
diretoria executiva aprovar a execução da obra naquela etapa. Pareceres
internos mostram que a diretoria da Petrobras apostou em cenários de
"difícil realização" para zerar o prejuízo, como créditos fiscais e
evitar que concorrentes instalassem refinarias no local.
Procurados, a Petrobras e os membros do conselho de administração não responderam às tentativas de contato.
Final de l970, início de l971, estagiário no Barclays Bank em Londres, passei uns dias na Bolsa de Valores. Ouvi, logo de início, uma palestra de um economista da Bolsa. Ele falou no início da década de 70, do calote dos papeis brasileiros da década de 30. Quarenta anos depois, ainda não haviam esquecido. Acentuou o problema para negociar novos papeis... Temo que o que aí acima se descreve possa provocar igual preconceito na Bolsa de New York por décadas... E aí... as empresas mistas brasileiras padecerão incrivelmente... A não ser que o novo FMI chinês passe de fato a funcionar e juntamente com a banca chinesa se tornem fortes e queiram nos ajudar... É um caminhão de condicionantes...
ResponderExcluirEdgardo Amorim Rego