Novo Governo
As mudanças feitas pela presidente Dilma Rousseff em seu ministério
reduziram o espaço do PT, mas as pastas controladas pelo seu partido
deverão continuar com a maior fatia do dinheiro disponível para compras e
investimentos no orçamento federal.
No primeiro mandato de Dilma, os ministérios controlados pelo PT
passaram a administrar mais de 44% do dinheiro disponível no orçamento,
de acordo com cálculos da Diretoria de Análise de Políticas Públicas da
FGV (Fundação Getúlio Vargas).
Com as mudanças anunciadas pela presidente na semana passada, o PT
perderá o Ministério da Educação para o governador do Ceará, Cid Gomes
(Pros). Ainda assim, deve continuar com cerca de um quinto dos recursos
disponíveis para investimentos, se for mantida a média do primeiro
mandato de Dilma.
O PMDB, principal aliado dos petistas e dono da segunda maior bancada da
Câmara dos Deputados, teve acesso a pouco mais de 5% dos recursos
livres para compras e investimentos no primeiro mandato de Dilma, diz a
FGV.
A presidente resolveu agora dar mais espaço para o PMDB, que ganhará
seis ministérios, um a mais do que hoje. Mesmo assim, os ministros
peemedebistas terão controle sobre pouco mais de 5% dos investimentos
federais.
Os petistas ficaram com a maior parte do bolo desde a chegada do
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao poder, em 2003, mas sua fatia
diminuiu depois da crise do mensalão, quando Lula procurou ampliar as
suas alianças e o Ministério da Saúde foi entregue ao PMDB.
Com a posse de Dilma, em 2011, o PT voltou a dar as cartas na Saúde e isso fez o quinhão peemedebista encolher.
O PP, que passou a controlar o Ministério das Cidades após a revelação
do mensalão, e o PR, que manda no Ministério dos Transportes desde a
posse de Lula, mantiveram o espaço no governo e na divisão do dinheiro
com Dilma.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
A maior parte dos recursos no orçamento federal é comprometida com
salários, aposentadorias, juros e outras despesas de caráter
obrigatório, deixando livre somente uma pequena fatia para compras e
investimentos. Neste ano, apenas 5% foram autorizados para
investimentos.
Algumas pastas com grandes orçamentos, como a Previdência, têm pouco
apelo político, porque os recursos estão todos comprometidos e só resta
ao ministro administrar os pagamentos. O atual ministro da Previdência
foi indicado pelo PMDB, que abriu mão da pasta para ganhar as
secretarias dos Portos e da Pesca.
As informações compiladas pela FGV, que analisa dados sobre a execução
do orçamento divulgados pelo Senado, mostram que os petistas também
levam vantagem sobre os outros partidos governistas na liberação dos
recursos previstos pelo orçamento.
Somados os quatro anos do primeiro mandato de Dilma, o Congresso
autorizou o governo a investir R$ 358 bilhões, mas apenas R$ 72 milhões
foram gastos pelos ministérios, conforme a FGV.
Nesse período, os ministérios controlados pelo PMDB administraram 5% dos
recursos autorizados para investimentos, mas apenas 1% do valor
efetivamente realizado. Os ministros do PT, por sua vez, determinaram o
destino de 30% dos recursos reservados para investimentos que foram
pagos pelo governo.
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