O ministro Eduardo Braga (Minas e Energia) disse nesta terça-feira (20)
que é preciso contar com Deus para que haja mais chuvas e, com isso,
sejam recuperados os níveis dos reservatórios das usinas hidrelétricas, o
que garantiria mais tranquilidade no fornecimento.
"Deus é brasileiro. Temos que contar que ele vai trazer um pouco de
umidade e chuva para que possamos ter mais tranquilidade ainda", disse
ele, em tom de brincadeira.
O ministro convocou uma coletiva de imprensa na sede do ministério, em
Brasília, para comentar os resultados da reunião feita durante a tarde
pelo ONS (Operador Nacional do Sistema), com participação de técnicos da
pasta e da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica).
Durante a entrevista, a luz do auditório apagou e a plateia ficou por alguns segundos no escuro.
"Essa intercorrência foi do escurinho do cinema", brincou enquanto um de seus assessores correu para religar a luz.
Ao longo da entrevista, o ministro apresentou informações detalhadas
sobre o que chamou de falha nas usinas que acabaram sendo desligadas
nesta segunda-feira (19).
DETALHES
Segundo o relatório lido por Braga, a usina Governador Ney Braga, da
Copel, foi desligada por "atuação indevida da proteção de potência
reversa". Até que se avalie a questão, essa proteção está
temporariamente desabilitada.
Depois, as usinas Amador Aguiar e Volta Grande, da Cemig, foram
desligadas por atuação dos "limitadores de abertura do distribuidor",
que já teriam sido ajustados.
A unidade 1 da usina hidrelétrica Cana Brava e a unidade 2 de S.
Salvador, da Tractebel, teriam desligado por oscilação de potência e
agora terão de passar por reavaliação em seus ajustes de controle.
As unidades 3 e 4 da usina hidrelétrica Governador Parigot de Souza, da
Copel, e unidades 1 e 2 de Passos S. João, da Eletrosul, foram
desligadas por ajustes indevidos da proteção de subfrequência, que já
teriam sido corrigidos.
As cinco unidades da usina térmica de Linhares foram desligadas por atuação da proteção de subfrequência.
Enquanto as sete unidades da usina termelétrica Viana foram desligadas
por uma proteção devido a variação brusca de potência, cujo motivo esta
sendo investigado.
A usina de Angra I desligou pela atuação da proteção de subfrequência,
cuja possibilidade de alteração desse ajuste está sendo investigado pela
Eletronuclear.
REFORÇO
O ministro destacou que o ONS já tomou medidas para reforçar a "alimentação" de geração no Sudeste do país.
Isso seria feito por meio da transferência adicional de 300 megawatts de
Itaipu, por meio de corrente contínua; a abertura da interligação
Sudeste/Nordeste, com injeção adicional de mais 400 megawatts no Sudeste
e Centro-Oeste do país; a ressincronização de Angra 1, com geração parcial entre 100 e 200 megawatts.
Ao mesmo tempo, a Petrobras, que possui sete mil megawatts de
termelétricas no sistema, vai acelerar o retorno de algumas de suas
usinas, que estavam passando pelo processo de manutenção preventiva.
Esses equipamentos entrarão na rede entre o dia 22 de janeiro e o dia 18 de fevereiro, somando 867 megawatts de reforço.
No total, essa prevista entrada de energia no sistema vai ser chegar a 1.500 megawatts de energia.
"Para fortalecimento do sistema", explicou o ministro. "Para que
intercorrências como as de ontem tenham um nível de segurança ainda
maior do que aconteceu", acrescentou.
Segundo o ministro, a medida da Petrobras faz parte de um "esforço
geral" que está sendo feito para deixar o sistema "ainda mais robusto".
METRÔ
Sobre o desligamento do metrô em São Paulo, o ministro preferiu deixar
que seu secretário-executivo respondesse aos jornalistas, porque,
segundo ele, não queria que sua resposta pudesse sofrer interpretações
políticas.
"A Eletropaulo até avisou ao governo do Estado que jamais cortaria carga
que atingisse estação do metrô", disse Márcio Zimmermann.
"O problema que ocorreu no metro de São Paulo foi local e não teve nada a ver com a ocorrência [com o apagão]", concluiu.
EXPERIÊNCIAS
Questionado sobre a possibilidade de os problemas no setor elétricos afetarem a visão do Brasil fora do país, Eduardo Braga fez comparações com os Estados Unidos e citou uma de suas experiências recentes no exterior.
"Estive recentemente em Nova York e vivi uma intercorrência climática.
Fiquei horas sem energia elétrica. Nem por isso a Dow Jones mudou sua
perspectiva", afirmou.
"Nosso sistema é confiável e nós temos segurança para repor uma
intercorrência desse tamanho. Tivemos uma intercorrência ontem, que
começou às 14h55, e às 15h45, cinquenta minutos depois estávamos com a
situação normalizada", destacou.
FALTA DE ENERGIA
O ministro voltou a repetir que o apagão não ocorreu por falta de energia, mas por uma sequência de desligamentos.
A posição do ministro tenta se sobrepor ao fato de que ontem, segundo o
próprio ONS, houve um recorde de consumo de energia minutos antes de o
desligamento ocorrer.
A alegação também é feita em um momento em que os reservatórios estão
historicamente mais baixos para um mês de janeiro e diante desta nova
temporada de seca em meio ao período chuvoso.
"Neste momento o sistema está funcionando sem nenhuma intercorrência", disse Braga.
Ele frisou também que o sistema elétrico está "preparado" para atender
às demandas de pico, obedecendo cenários limites traçados pelos técnicos
do setor.
O Ministério de Minas e Energia também prometeu para o fim de março um
diagnóstico geral sobre o setor elétrico, promessa que já havia sido
feita no momento em que o novo ministro assumiu a cadeira de Edison
Lobão.
FOLHA
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