RIO DE JANEIRO - Sem querer, Dilma Rousseff está realizando um sonho que deve ter passado pela cabeça de muitas mulheres: parecer-se com alguma personagem dos sambas de Chico Buarque. Que mulher não gostaria de ser a Rita, a Madalena, a Carolina, a Bárbara, a Januária, a Joana Francesa, a Ana de Amsterdã? E que mulher não gostaria de ser aquela que desatinou, viu chegar quarta-feira, acabar brincadeira, bandeiras se desmanchando e continuou sambando? Ou a que ficou diferente, ficou pra lá de pra frente e passou o cara pra trás?
Pena que, em vez daquelas mulheres maravilhosas, a personagem de Chico
Buarque com quem Dilma pode estar se identificando neste momento seja a
infeliz Geni --mais exatamente, a que aparece nos versos "Joga pedra na
Geni / Joga bosta na Geni / Ela é feita pra apanhar / Ela é boa de
cuspir".
Desde as eleições, a oposição não lhe dá sossego. Mas, como o PT bem
sabe, é para isso que existe a oposição --e, agora, mais do que nunca,
com o argumento de que Dilma foi eleita demonizando uma política que ela
própria está praticando. Por sinal, muitos que a elegeram estão com
ganas de jogar-lhe pedras ao ver seus rendimentos encolherem, os
benefícios desaparecerem e os encargos subirem. Os ambientalistas, se
pudessem, jogar-lhe-iam bosta. E ela ainda tem de se preocupar com o
escândalo da Petrobras, cada vez mais perto do seu quintal.
Como se não bastasse, o PT, sempre cioso do poder, tenta descolar-se do
fracasso de seu governo. Acabou o amor --seu antigo "companheiro de
armas" José Dirceu, sua ex-ministra Marta Suplicy e até seu atual
ministro Juca Ferreira surram-na diariamente, em voz alta e às claras,
sob o tonitruante silêncio de Lula. Pobre Geni, digo Dilma. Ninguém
desce de um zepelim para acudi-la.
Dilma deve estar fazendo alguma coisa certa para apanhar tanto.
"Joga pedra na Geni / Joga bosta na Geni / Ela é feita pra apanhar / Ela é boa de cuspir".
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