A presidente Dilma ficou, segundo assessores, "enfurecida" com o cálculo
feito por consultorias independentes indicando a necessidade de dar uma
baixa de R$ 88,6 bilhões em ativos da estatal.
Na avaliação do Palácio do Planalto, o número foi calculado de forma
"amadora" e colocou na mesma cesta ativos bons com outros contaminados
pela corrupção investigada na Operação Lava Jato, da Polícia Federal.
O governo, aliás, preferia que o valor não fosse divulgado pelo conselho
de administração da estatal, o que acabou acontecendo por pressão de
conselheiros na reunião da terça-feira (27).
Internamente, o governo classificou o cálculo como "rudimentar", feito
de maneira "amadora", porque nem sequer usou projeções importantes da
empresa para definição dos valores.
Para o governo, a divulgação acabou criando a imagem de que os ativos da
estatal precisam ser baixados não só por causa de corrupção mas também
por incompetência administrativa.
Alejandro Bolívar/Efe | ||
A presidente Dilma Rousseff (PT) na Costa Rica |
A presidente Dilma chegou a telefonar para Graça, em um diálogo
"duríssimo", segundo seus assessores, em que cobrou explicações sobre os
critérios usados.
A estimativa de R$ 88,6 bilhões só chegou ao conhecimento do governo no
dia da reunião do conselho, quando também foi a primeira vez em que os
conselheiros receberam os dados.
Os conselheiros consideraram que seria uma "temeridade" dar a baixa do
valor total contido no relatório elaborado por consultorias
independentes porque levaria a um corte em ativos bons no balanço da
estatal.
O Planalto não queria a divulgação dos R$ 88,6 bilhões, mas o conselho
considerou que o número acabaria vazando e a situação poderia ficar
pior, levantando a suspeita de que o órgão estaria escondendo dados.
As ações da empresa recuaram 11,2% na quarta-feira, após a divulgação do
balanço do terceiro trimestre de 2014 com dois meses de atraso e sem
descontar as perdas causadas por corrupção.
Nesta quinta-feira (29), houve queda de 3,1% nos papéis da estatal.
CONSELHO PARALISADO
Reflexo da reunião, conselheiros da Petrobras ouvidos reservadamente pela Folha
dizem que o conselho está perdendo as condições para tomar decisões e
que Dilma deveria alterar sua composição o mais rápido possível.
Segundo um conselheiro, a reunião mostrou que o conselho está
"praticamente paralisado", acrescentando que "ninguém tem coragem de
tomar uma decisãozinha qualquer que possa representar risco jurídico
pela frente".
Em sua avaliação, a direção atual da presidente Graça Foster também está desgastada, totalmente refém do processo da Lava Jato.
PLANO
No Palácio do Planalto, a avaliação é que a situação do balanço acabou
por desmontar a estratégia de dar "um mínimo de governança" para a
empresa.
O plano passava pela troca do conselho de administração, que traria
nomes fortes, da confiança do mercado (nomes como Henrique Meirelles
foram cogitados), para blindar a atual gestão e garantir a continuidade
de Graça no cargo.
Diante de uma gestão nitidamente mais transparente e rígida, a empresa
conseguiria estancar a crise, dando uma sobrevida para a permanência da
presidente da estatal, que, em um ano ou pouco mais, poderia ser
substituída sem causar tanto ruído.
O novo episódio, no entanto, reforçou sua fragilidade diante da estatal e
fez apressar o debate interno do governo por novos nomes para sua
substituição, ainda que não haja previsões para a troca.
Enfurecidos ficamos nós, governanta, com sua incompetência e irresponsbilidade!
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