Um apagão desligou parte da energia elétrica em sete Estados e no Distrito Federal nesta segunda-feira (19).
Foram atingidos São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná, Espírito Santo, Goiás e Distrito Federal.
A energia foi restabelecida no Estado de São Paulo, no Estado do Rio de Janeiro e em Goiás, segundo as distribuidoras locais.
Segundo a Folha apurou, a falha no sistema ocorreu pelo elevado nível de consumo devido ao calor intenso. A demanda teria sobrecarregado o sistema, que teve de ser desligado para evitar o risco de um apagão de maiores proporções e com mais dificuldades para o religamento.
A usina nuclear de Angra 1 também foi desligada.
O Ministério de Minas e Energia informou que está ciente da situação e que o ministro, Eduardo Braga, está em contato direto com o ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) em busca de um diagnóstico.
Há possibilidade de que outros Estados tenham sido afetados.
Em nota oficial, em sua página na internet, a Eletropaulo disse que o desligamento de seus clientes teria ocorrido por orientação do próprio ONS, que "cortou mais de 700 MW (megawatts) de energia". No entanto, pouco depois, a empresa informou que a totalidade de sua carga de energia foi restabelecida às 15h50.
A CPFL Energia, que possui oito empresas de distribuição em São Paulo e no Rio Grande do Sul, informou que houve cortes a pedido do ONS em municípios do interior e litoral de São Paulo, além de cidades do RS.
A companhia disse que teve de aplicar cortes de energia por determinação do ONS, por volta das 15h. O corte seria de aproximadamente 800 MW. As empresas teriam conseguido religar o fornecimento por volta das 15h55.
A AES Sul, que atende uma parte do 1,3 milhão de clientes do Rio Grande do Sul, afirma que cerca de 15 mil pessoas foram afetadas, entre as 15h e as 15h40. O corte foi de 176 megawatts. A empresa não informou quantos municípios tiveram fornecimento interrompido.
Já a CEEE, responsável por cem municípios na região metropolitana de Porto Alegre e litoral do RS, diz que 100 megawatts foram cortados, atingindo dez cidades.
A assessoria de imprensa da Light confirmou que foi orientada pelo ONS a interromper o fornecimento em alguns locais do Rio de Janeiro, o que teria acontecido a partir das 14h53. A empresa disse que o fornecimento foi totalmente normalizado às 16h20.
O apagão também atingiu municípios do interior do Rio. De acordo com a Ampla, concessionária que atende a 66 cidades fluminenses, a pedido do ONS, a distribuidora cortou 100 MW de sua área de cobertura. A interrupção ocorreu às 14h55 e voltou ao normal uma hora mais tarde, às 15h55.
De acordo com a empresa, o fornecimento foi interrompido para 180 mil clientes em 13 municípios da região metropolitana e de cidades do Norte Fluminense e da chamada Região dos Lagos. Os municípios afetados foram São Gonçalo, Saquarema, Petrópolis, Cabo Frio, Araruama, Campos dos Goytacazes, Iguaba, Mangaratiba, Duque de Caxias, Niterói, Rio das Ostras, Casemiro de Abreu e Itaboraí.
Também houve cortes em Minas Gerais a pedido da ONS, segundo a Cemig (companhia energética do Estado). A companhia ainda não divulgou quantos megawatts foram cortados e os locais afetados.
No Paraná, a Copel disse que cortou 320 megawatts por determinação do operador. Segundo a empresa, todo o Estado foi afetado.
No Espírito Santo, a EDP Escelsa informou ter feito, também por determinação da ONS, "redução de carga no seu sistema", na tarde desta segunda que atingiu o fornecimento de energia em parte de oito municípios do Estado. A capital do Estado, segundo a empresa, não foi afetada.
Em Goiás, o corte de energia atingiu várias regiões, inclusive o sul da capital, Goiânia. Segundo a Celg (Companhia Energética de GO), foram cortados 200 megawatts entre 15h e 16h.
RELATÓRIO
Em seu relatório técnico divulgado na sexta-feira (16) com metas e diretrizes para operação do sistema elétrico ao longo desta semana, o ONS ressalta que, havia risco de "perda de carga" durante a execução de intervenções na rede.
Essas "contingências", classificadas como "simples", teriam efeito local e não afetariam o Sistema Interligado Nacional como um todo. Ou seja, não causariam um apagão generalizado.
Mesmo assim, essas chamadas "contingências" somente seriam liberadas "em períodos mais favoráveis, ou seja, nos horários em que a ocorrência de uma eventual contingência resulta no menor montante de perda de carga", segundo destacou o documento.
As chamadas "intervenções" são, segundo o ONS, reparos programados na rede por agentes de distribuição, geração ou transmissão. O procedimento serve para que sejam feitos serviços na rede elétrica justamente para garantir a segurança dos equipamentos e o atendimento de metas.
Apagão atinge parte da Grande SP e Rio
METRÔ
A falha de energia fechou parte da linha 4-amarela do metrô de São Paulo. Segundo a assessoria da Via Quatro, concessionária responsável pela linha 4-amarela, passageiros chegaram a acionar os botões de emergência e descer nos trilhos.
O problema no fornecimento de energia no metrô começou por volta das 14h30 e fez com que os trens trafegassem com velocidade reduzida e maior tempo de parada. A Via Quatro afirmou não ter informações de trens parados ou de ar-condicionado desligado. As demais linhas do metrô não tiveram problema.
Apesar disso, os passageiros que estavam nos trens acionaram os botões de emergência e desceram nos trilhos, com isso, a operação foi paralisada em toda a linha. Minutos depois, no entanto, ela foi retomada entre as estações Paulista e Butantã. As estações Luz e República ficaram fechadas até as 16h40.
Funcionários do metrô, na estação República, orientaram passageiros que queriam chegar à avenida Paulista a pegar a linha 2-verde do metrô. Ou seja, era preciso ir até a estação Sé, pegar a linha 1-azul até a estação Paraíso, e depois a linha 2-verde.
A vendedora Karine Pupo, 23, que está grávida de oito meses e mora de Mauá, desistiu de tentar chegar à estação Luz para pegar o trem que a levaria até a cidade onde mora na grande São Paulo. "Desisti de pegar a linha 3, que está mais lotada. Está muito calor na plataforma. Resolvi esperar normalizar".
CONSUMO
Na última semana, o ministro Eduardo Braga (Minas e Energia) recomendou que os consumidores reduzam seu consumo. Segundo ele, a medida seria necessária já que a energia está custando mais caro em 2015.
"Não é racionamento. Nós temos energia. Ela existe, mas é cara", afirmou ele na última quarta-feira (14).
Na terça-feira (20), a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) deve aprovar um aumento bilionário sobre as tarifas dos consumidores, repassando os gastos que o setor terá ao longo do ano.
Esse será o primeiro de dois aumentos no custo da energia que já estão programados.
RECORDE
O mais recente recorde de demanda de energia do sistema elétrico foi observado no último dia 13, terça-feira da semana passada, nas regiões sudeste e centro oeste do país. De acordo com o documento "Boletim especial de carga", do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), o setor demandou 51.295 MW, às 14h23. O recorde anterior dessa região havia sido no último dia 6, a primeira terça-feira do ano.
O sistema funciona da seguinte maneira: as distribuidoras percebem os picos de consumo e avisam ao ONS, que manda as usinas produzirem mais e libera mais carga para as regiões. O boletim registra esse aumento de demanda por parte das distribuidoras. Segundo a Aneel, 1 MW é suficiente para abastecer o consumo de uma residência durante um mês inteiro.
A Folha mostrou, em reportagem em 28 de janeiro de 2014, que o horário de pico de consumo de energia no país passou a ser no meio da tarde, entre 14h30 e 15h30, e não mais entre 18h e 20h, como era na época do apagão do governo de Fernando Henrique Cardoso.
Segundo especialistas ouvidos na época, os dias de calor intenso e a mudança do perfil da economia, mais baseada em serviços, são os principais motivos para a mudança do horário de pico. Se antes o chuveiro elétrico era o vilão do apagão, hoje os algozes do sistema são os ar-condicionados. A partir de 28ºC, o corpo humano começa a sentir desconforto e sente necessidade de se refrescar.
AUMENTO DE TARIFAS
O presidente da Abradee (Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica), Nelson Leite, disse, na última terça-feira (13), que praticamente todas as empresas de distribuição de energia devem pedir ao governo para realizar um reajuste extraordinário em suas tarifas.
Esse aumento, segundo ele, deve começar a ser percebido pela população em março.
"Eu acredito que todas deverão pedir, a não ser a empresa que tenha reajuste extraordinário em fevereiro, essa não vai precisar", afirmou.
Das 64 distribuidoras, seis alteram seus preços em fevereiro, segundo calendário da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica).
São elas: a CPFL Jaguari (SP), CPFL Mococa (SP), CPFL Santa Cruz (SP), CPFL Leste Paulista (SP), CPFL Sul Paulista (SP) e a Energisa Borborema (PB).
Em todos esses casos, os reajustes devem ocorrer ainda na primeira semana de fevereiro.
Em todos os demais casos, o ajuste adicional, que também deve ser aprovado em fevereiro, servirá para que essas empresas comecem a recolher dinheiro suficiente para pagar o aumento no preço da energia de Itaipu (que subiu 46% neste ano) e os gastos da conta CDE (Conta de Desenvolvimento Energético).
Com a aprovação em fevereiro, o consumidor começará a pagar uma conta de luz mais alta em março.
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