A presidente Dilma Rousseff justificou nesta terça-feira (27) as mudanças na economia
anunciadas por seu governo recentemente, como necessárias e corretivas
para "manter o rumo, preservando as prioridades sociais". A defesa
integrou a primeira fala pública da presidente (leia a íntegra ) depois da posse do segundo mandato, em 1º de janeiro.
"Os ajustes que estamos fazendo são necessários para manter o rumo, para
ampliar as oportunidades, preservando as prioridades sociais e
econômicas do governo que iniciamos há 12 anos atrás", disse, explicando
que a estabilidade da economia é importante para o projeto social de
seu governo. "As mudanças que o país precisa dependem muito da
estabilidade e da credibilidade da nossa economia. Precisamos garantir a
solidez dos nossos indicadores econômicos", afirmou.
Dilma está reunida com seus 39 ministros e com o vice-presidente Michel
Temer na Granja do Torto, residência de campo oficial da Presidência da
República, em Brasília. Esta é a primeira reunião ministerial realizada
no segundo mandato da petista. O último encontro do tipo foi feito em
2013, logo após a eclosão das manifestações.
ECONOMIA
Na fala, Dilma prometeu seguir a política defendida durante a campanha
presidencial: "Mostraremos que não alteramos um só milímetro do projeto
vencedor das eleições".
A presidente disse que, na gestão passada, o governo federal "cumpriu o
seu papel" ao absorver um possível impacto maior da crise e preservar o
emprego e a renda do trabalhador. Ela afirmou, no entanto, que agora
chegou-se a um "limite" para o que o governo poderia fazer.
"Agora atingimos um limite para isso. Estamos diante da necessidade de
promover um reequilíbrio fiscal para recuperar o crescimento da economia
o mais rápido possível.
Tomamos algumas medidas que tem caráter
corretivo, ou seja, são medidas estruturais que se mostram necessárias
em quaisquer circunstâncias", disse.
Dilma afirmou ainda que o Banco Central tem tomando medidas para fazer o controle inflacionário no país.
DIREITOS TRABALHISTAS
Dilma também aproveitou a reunião para defender as mudanças anunciadas no pagamento de benefícios trabalhistas e sociais. Para ela, as medidas adequam os benefícios a uma nova realidade.
"Nesses casos, não se tratam de ajustes fiscais mas de aperfeiçoamento
de políticas sociais para aumentar sua eficácia, eficiência e sua
justiça. Sempre aperfeiçoamos as nossas políticas", explicou.
Ela negou ainda que as medias representem redução dos benefícios
trabalhistas. " Os direitos trabalhistas são intocáveis e não será o
nosso governo, um governo dos trabalhadores, que irá revogá-los", disse.
CORRUPÇÃO
Sem citar a Operação Lava Jato,
Dilma defendeu novamente a Petrobras e afirmou que as empresas públicas
e privadas envolvidas no esquema de corrupção com a estatal devem ser
preservadas.
"Temos que saber apurar. Temos que saber punir. Isso tudo sem
enfraquecer a Petrobras e sem diminuir a sua importância para o presente
e futuro do país. [...] Temos que punir as pessoas e não destruir as
empresas", disse.
Dilma voltou a dizer que o governo estabelecerá um pacto contra a
corrupção no país em todas as esferas de governo e de poder, tanto no
ambiente público quanto privado.
CORTES
A presidente aproveitou a reunião para acalmar os ministros em relação
aos cortes orçamentários das pastas. No início do ano, Dilma havia anunciado um corte temporário de R$ 22,7 bilhões em gastos não prioritários.
"Quero alertar os ministros que as restrições orçamentárias exigirão
mais eficiência no gasto. Vamos fazer mais gastando menos", disse.
Criticada por passar mais de um mês sem dar entrevistas, a presidente
retomou seu discurso pós-eleitoral por mais diálogo e pediu a todos os
ministros que não se omitam e falem mais com a sociedade para divulgar e
defender o seu governo. Ela falou por cerca de 30 minutos. Seu discurso
foi transmitido pela TV NBR, canal público do governo federal.
"Devemos enfrentar o desconhecimento, a desinformação sempre e
permanentemente. Não podemos permitir que as falsas versões se criem e
se alastrem. [...] Tragam a posição do governo à opinião pública. Sejam
claros, se façam entender. Não podemos deixar dúvidas", disse aos
ministros.
Dilma chegou ao local da reunião de helicóptero com cerca de 20 minutos
de atraso. A reunião estava marcada para começar às 16h. Ao chegar, ela
cumprimentou todos os ministros individualmente e depois, já sentada em
seu lugar, pediu que todos sejam sucintos em suas exposições.
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