A força-tarefa da Operação Lava Jato suspeita que a JD
Assessoria e Consultoria, do ex-ministro chefe da Casa Civil José
Dirceu, condenado no mensalão, cumpria a mesma função das empresas de
fachada do doleiro Alberto Youssef, alvo central da investigação sobre
desvios, fraudes e corrupção na Petrobrás. Elas emitiam notas fiscais
para as maiores empreiteiras do País por assessorias e outros serviços
fictícios.
A JD também soltou notas fiscais por serviços
que não teriam sido realizados, segundo suspeitam os investigadores. Os
investigadores rastrearam a movimentação financeira de pessoas jurídicas
controladas por Youssef. Ao analisarem os lançamentos contábeis das
construtoras, todas alvo da Lava Jato, no período de 2009 a 2013, os
investigadores "confirmaram a transferência de vultosos recursos" às
empresas do doleiro.
A força-tarefa constatou que MO
Consultoria, GFD Investimentos empreiteira Rigidez, todas vinculadas a
Youssef, emitiam notas fiscais frias para camuflar a captação e o
destino de valores repassados pelas empreiteiras. Políticos e caixa 2 de
partidos teriam sido os beneficiários das operações protagonizadas pelo
doleiro e pelo ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto
Costa.
Foi nessa etapa da apuração que a Receita Federal
identificou que também a empresa do ex-ministro, JD Assessoria e
Consultoria Ltda, "recebeu vultosos recursos" da Galvão Engenharia, da
Construtora OAS e da UTC Engenharia, três das empreiteiras sob suspeita
de formarem um cartel na estatal petrolífera.
O Fisco
verificou que, entre julho de 2009 e dezembro de 2011, a empresa de José
Dirceu e de seu irmão, Luiz Eduardo de Oliveira e Silva, recebeu, em
média, R$ 25 mil mensais da Galvão Engenharia, sob a rubrica genérica de
"consultoria", totalizando cerca de R$ 725 mil.
Da
Construtora OAS, a empresa JD recebeu, em média, R$ 30 mil mensais,
também por "consultoria" e "subempreiteiros", de janeiro de 2010 a
dezembro de 2011, somando cerca de R$ 720 mil.
A Receita
identificou, ainda, créditos da UTC Engenharia em favor da empresa do
ex-ministro do governo Lula: R$ 1,377 milhão no ano de 2012 e R$ 939 mil
em 2013, neste caso por "consultoria, assessoria e auditoria".
"Verifica-se,
portanto, que no período de 2009 a 2013, a empresa JD Assessoria
recebeu a expressiva quantia de R$ 3,761 milhões a título de
consultoria, das empreiteiras acima listadas, as quais estão sendo
investigadas justamente pelo pagamento de serviços de consultoria
fictícios a empresas diversas para viabilizar a distribuição de recursos
espoliados do Poder Público", assinalou a juíza federal Gabriela Hardt.
Gabriela
decretou inicialmente a quebra do sigilo bancário e fiscal
exclusivamente da JD Assessoria e Consultoria, no dia 8 de janeiro. No
dia seguinte, Depois, informada pelo pedido do Ministério Público
Federal que o ex-ministro e seu irmão são os detentores das cotas da
empresa, ela estendeu a ordem para as contas bancárias e as declarações
de rendas de José Dirceu e Luiz Eduardo.
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